Retorno de um dia ordinário

Um universo inteiro que acontece em poucos segundos

Poucas pessoas estão sabendo, mas mês que vem teremos mais um grande nome do rock aqui no Brasil. Trata-se de Ian Anderson, fundador e frontman do Jethro Tull, uma das bandas mais importantes do rock clássico e progressivo da história. Aprendi a gostar deles por causa de ninguém menos que meu pai (ele tem bom gosto, eu sei) e por isso, dia 14 de maio, estaremos no Credicard Hall pra conferir mais esse show que promete ser sensacional, afinal Ian Anderson tem uma presença de palco como poucos. Pra ir aquecendo nada melhor que viajar nessa canção do lendário disco "Aqualung" de 1971. Segue a letra:




Jethro Tull
(Anderson)

On preston platform
do your soft shoe shuffle dance
brush away the cigarette ash
that's falling down your pants
and then you sadly wonder
does the nurse treat your old man
the way she should
she made you tea
asked for your autograph--
what a laugh

Vamos à andança...

A letra é curta e a canção também - pouco mais de 1 minuto - mas a viagem é grande. Muito grande, aliás. O tempo curto não é problema pra isso, pois trata-se justamente de um devaneio momentâneo. Daquele tipo que te pega num momento corriqueiro e te faz divagar. É justamente isso o que ocorre aqui e que o título já explica: "Retorno de um dia ordinário". Tratava-se de um dia ordinário, quando Ian Anderson voltava de uma visita ao hospital em que seu pai estava internado. Quando chegou na estação de trem, enquanto "espanava a cinza do cigarro que caía em suas calças" Ian "tristemente refletiu se a enfermeira estaria cuidando do seu velho da forma como ela deveria". Então ele se lembra: "Ela te fez um chá e pediu um autógrafo. Que engraçado..." E assim acaba a rápida letra reflexiva, que originou essa canção tão viajante, prova de que, na verdade, não há momento ordinário. Sempre há algo acontecendo. Algo incrível. A instrumentação é composta apenas pela voz de Anderson e o violão perfeito de Martin Barre. Os dois elementos têm pesos iguais no conjunto, sendo os acorde iniciais limpos do violão, o grande responsável pela imersão naquele universo completo, porém composto por apenas alguns segundos. O violão permeia os versos cantados por Ian suavemente, soltando agudos tranquilos e ondulantes nas dedilhadas precisas de Barre. Também é ele que encerra sublimemente a canção com um pequeno solo inesquecível. Ouvir é como viver um momento corriqueiro. Um momento único ;)

Nunca ouviu?

Mais uma canção ordinária. Escute:

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