[LANÇAMENTO] Espadas e Margaridas' Appetite for Democracy

O leitor que já tenha lido qualquer texto meu sobre Guns N'Roses ou sobre o guitarrista Slash sabe que tenho uma opinião muito firme - para não dizer fechada - sobre a atual banda de Axl Rose. Para quem nunca leu um texto meu, resumo minha relação de amor e ódio com o grupo da seguinte forma: considero o Guns N'Roses original - aquela banda de Axl Rose, Slash e Izzy Stradin e dona dos discos "Appetite for Destruction" até "Use Your Illusion II" - como uma das maiores da história. São dignos de todas as honrarias e nominações por terem criado um Hard Rock explosivo e poderoso. Já o que veio depois não deveria, nem poderia ser considerado a mesma banda por questões de qualidade e de integrantes. Afinal, se só sobrou o vocalista, e ele nunca foi o maior responsável pelo glorioso passado do grupo como podemos considerar que sua banda ainda seja Guns N'Roses? Infelizmente, por questões judiciais ele manteve o nome e os direitos de utiliza-lo como quiser. Mas à esse macaco velho aqui ele não engana. É por isso que, para melhor compreensão desse texto vou rebatizar a banda de Axl Rose temporariamente como Espadas e Margaridas.




Foi nessas condições que me deparei com a oportunidade de conferir um show daquela que já tinha sido a maior banda da história em seu tempo. Não foi um concerto propriamente dito, afinal eu jamais pagaria para ver um show dos Espadas e Margaridas. Mas foi algo diferente e as diferenças trazem oportunidades. Enquanto caminhava por um shopping de Cali, na Colombia, me chamou a atenção um poster de cinema com a capa daquele disco tão querido e que faz parte da coleção de qualquer amante do Rock: "Appetite for Destruction". Quando conferi de perto vi que se tratava de um concerto dos Espadas e Margaridas em Las Vegas entitulado "Appetite for Democracy", uma celebração dos 25 anos do primeiro disco dos Guns N'Roses, bem como dos 4 anos daquilo que seria o único álbum dos Espadas e Margaridas. Uma única sessão. Algo em torno de 20 reais. Querendo ou não, nunca vi Axl Rose ao vivo e diziam as lendas que sua banda atual é realmente boa. Por quê não?

Sempre digo que quando não se espera nada as coisas boas acontecem. O grande problema da humanidade é esperar demais de todos. Nós, ouvintes do Rock, eu confesso, esperamos demais de "Chinese Democracy" e veja o que aconteceu... Por isso entrei naquela sala de cinema sem esperar nada além de um pouco de boa música. No país da Salsa é raro ouvir Rock and Roll e até um concerto dos Espadas e Margaridas seria suficiente para refrescar um pouco meus ouvidos.

E o que vi e ouvi foi surpreendentemente bom. Uma produção de primeira com luzes espetaculares, garotas dançando seminuas e um efeito tridimensional que, diferente da maioria dos filmes da atualidade, realmente te dava a impressão de estar imerso naquele evento. Os músicos da Espadas e Margaridas são, de fato, excelentes e altamente virtuosos com cada um tendo seu momento de glória no show. Embora a presença de um terceiro guitarrista seja desnecessária, a sonoridade não mostra excesso, mas sim uma harmonia impecável.


Axl Rose foi o menor daquilo tudo. É verdade que ele está velho, mal cuidado e mais parece o Mickey Rourke de "Os Mercenários". Mas disso tudo eu já sabia e me contentei com os poucos momentos em que ele dançou como a clássica minhoca ou quando pude ter um vislumbre rápido como um relâmpago de sua voz de outrora. Quando ele não cantava os versos por falta de vontade ou de fôlego, eu os completava por ele. Sem crise quanto à isso. Dou um desconto ao Axl por ainda estar na ativa, mas não posso deixar de dizer que as horas em que ele abandonava o palco para trocar de roupa enquanto seus músicos faziam um Jam instrumental foram surpreendentemente sensacionais e os pontos mais altos do concerto.

E é claro que foi excelente ouvir de novo Mr. Brownstone com sua bateria enérgica, Knocking on Heaven's Door - ainda que um pouco esticada demais - Rocket Queen e seu riff cavalgante impiedoso e, é claro, Sweet Child O'Mine. Nessa última impossível não deixar um triste pensamento ganhar forma: a de que Slash poderia estar ali. Ele, o verdadeiro compositor de um dos maiores riffs da história, subistituído por um tal DJ Ashba que, mesmo tocando magistralmente e usando um chapéu na cara e um piercing na boca, jamais terá o mesmo carisma do cabeludo de cartola.


Momentos mágicos, daqueles que te fazem quase chorar não vieram. O que mais se aproximou disso foi a reação do público que, mesmo dentro da sala de um cinema, não se acanharam em aplaudir várias canções e cantar junto as mais famosas.

No fim das contas, valeu a pena dar uma chance aos Espadas e Margaridas. Os caras fizeram um excelente cover da minha tão querida Guns N'Roses e ainda trouxeram um dos integrantes originais para participações que, embora pecassem pela perícia descuidada, trouxe uma presença de peso inquestionável para o palco ;)

Confira o trailer da produção:

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