Mulher acorrentada

Liberte tudo o que você prende, inclusive as pessoas

Hoje é dia de agradecer mais uma vez meu querido pai. Tears For Fears é mais uma das bandas que tive a benção de conhecer ainda garoto. Apesar de ainda indefeso, incapaz de discernir o certo do errado, desde aquela época eu sabia que aquela música era o certo. Eu sabia que aquilo era bom e de alguma forma a música na qual viajaremos hoje me trazia paz enquanto eu brincava pela casa em minhas aventuras mentais. A canção faz parte do disco "The Seeds of Love", de 1989. Segue a letra:




Woman In Chains
(Orzabal/Smith)

You better love loving and you better behave
You better love loving and you better behave
Woman in Chains
Woman in Chains

Calls her man
"The Great White Hope"
Says she's fine
She'll always cope
Woman in Chains
Woman in Chains

Well I feel lying and waiting
Is a poor man's deal
(A poor man's deal)
And I feel hopelessly weighed down
By your eyes of steel
(Your eyes of steel)
Well, it's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains
Woman in Chains
Woman in Chains

Trades her soul as skin and bone
(You better love loving and you better behave)
Sells the only thing she owns
(You better love loving and you better behave)
Woman in Chains
Woman in Chains

Men of Stone!
Men of Stone!

Well I feel deep in your heart
There are wounds time can't heal
(Wounds time can't heal)
And I feel somebody, somewhere
Is trying to breathe
Well you know what I mean
It's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains

It's under my skin, but out of my hands
I'll tear it apart but I won't understand
I will not accept the Greatness of Man

It's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains
Gone crazy
Keeps Woman in Chains

So Free Her

Vamos à andança...

Woman in Chains tem tudo pelo qual o Tears For Fears é famoso. A canção é uma viagem que mistura um quê de suavidade com um tom mais sombrio e misterioso, próprio de bandas do Pós-Punk e New Wave como The Cure e Depeche Mode. Em Woman in Chains somos apresentados à um tom sério que começa com a bateria marcando forte presença, afinal ela é tocada por ninguém menos que Phill Collins. O baixo de Curt Smith também tem um tom acentuado, o que contribui com o clima de suspense. Entretanto, um ritmo tranquilo logo se desdobra conduzindo-nos por meio dos sintetizadores e teclados como aquela mão feita de aroma de comida boa levava o Pica-Pau pelos ares nos desenhos animados. Rolland Orzabal então inicia a poesia, colocando o peso grave de sua voz à favor do ritmo num começo emocionante, para dizer o mínimo. Ele diz: "É melhor você gostar de amar e é melhor você se comportar, mulher acorrentada". Como se o cantor não tivesse poder suficiente em suas cordas vocais, há ainda a participação especial de Oleta Adams que canta na sequência com voz tão afiada quanto Orzabal. Ela canta em tom alto já desde a primeira letra. O dueto serve não só para deixar a música em um alto nível, mas também como ilustração para a poesia que fala justamente da relação entre homem e mulher. Tratamos aqui de uma relação opressora, na qual uma mulher sofre pela possessividade e ciúme doentio do marido. O nome da obra resume bem a sensação triste e desesperadora na qual essas personagens tão reais vivem. O clipe da canção é ainda mais impactante, sendo o homem representado por um lutador de boxe. As pancadas no saco casando com a bateria marcante nos fazem quase sentir na pele cada soco. É a mulher sofrendo cada golpe. Somos nós também. Enquanto a cantora apresenta mais versos reflexivos, Orzabal aparece em uma linha daquelas que dá arrepio no último fio de cabelo da nuca, dizendo: "E eu sinto que mentir e esperar é uma atitude pobre de um homem. Me sinto oprimido pelos seus olhos de aço. É um mundo louco que mantem a mulher acorrentada". É realmente um mundo louco esse no qual as pessoas acreditam mesmo ter o poder de domínio sobre outras pessoas. Se isso já era inaceitável na idade da pedra, o que dizer de hoje? Depois de tantos anos de evolução, milhares de revoluções e conquistas para que chegássemos ao século XXI nos considerando "o ápice da humanidade", sinceramente me pergunto se valeu a pena. Quando vejo alguém agredindo física ou emocionalmente outra pessoa - principalmente um homem agredindo uma mulher - me pergunto onde foi parar tudo o que aprendemos em todos esses longos anos que nos separam do homem das cavernas. Já no final da peça, eles dizem: "Eu não aceitarei a grandeza do homem". Eles têm razão. Se grandeza é sinal de opressão e violência, é preferível ser pequeno, e como todas as pequenas coisas, ser completo em sua simplicidade. E com simplicidade e leveza os dois vocalistas se misturam e se alternam no verso que encerra a obra com maestria: "Então liberte-a". Enquanto eles repetem a aclamação - quase uma súplica ao universo - o tom tão forte e ao mesmo tempo pacificador nos faz viajar mundo afora, visitando todos os casais, lavando todo ódio e colocando no lugar apenas aquilo que os uniu: o amor. Liberte qualquer coisa que você tenha presa consigo. Liberte qualquer pessoa. Somos todos livres, todos iguais nessa grande família que habita o mundo. Não deixe a possessividade ou o ciúme encontrarem lugar na sua mente. Só permita espaço para amor. Amor e liberdade. E então liberte-a ;)

Nunca ouviu?

Liberte seu coração para essa obra. Escute:

Comentários

Fabio CS disse…
Sempre gostei do Tears For Fears e esta canção é a minha preferida...que melodia ...e como cresce e nos estimula. è fantástica a melodia que progressivamente se insinua. Parabéns pelo texto. Um grande abraço.
Unknown disse…
Parabéns por tudo que disseste! Revivi os anos 80, que tanto me marcaram ouvindo essa música hj.
Espero que tenha havido libertações, onde ela tenha sido tocada....e que ela com sua força, tenha tocado muitos corações.
Um abraço!
Estou liberta.:)
Felipe Andarilho disse…
Muito obrigado Ligia!! Fico feliz com seu comentário! Um abraço e tudo de Rock pra vc ;)
Marcelo disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Otto Bruno disse…
Porque eles não tocaram woman um chains no rock on rio????
Unknown disse…
Pinno Paladino q Gravou o Baixo . Era o melhor baixista de fretless dos anos 80 foi o mesmo q gravou Every Time Go Way de Paul Young
Unknown disse…
Uma verdadeira obra de arte, aliado a interpretação impecável. Esta canção é tão especial que mesmo após todos esses anos a cada nova interpretação a emoção em ouvir aumenta.
Unknown disse…
Porque a back vogal feminina não pode vir pois tinha acabado de ter um filho! E sem vocal feminina woman in chains ficaria incompleta!!
Unknown disse…
Por isso não tocaram Woman in chains no Rock in Rio