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Terra Celta celebra as diferenças em show impecável

Banda se apresentou no Sesc Belenzinho, em São Paulo, dia 19/01/2018


Terra Celta no Palco do Sesc Belenzinho. Foto: Felipe Andarilho


Que época, essa nossa, para se estar vivo.

Você e eu que estamos aqui de pé em pleno 2018 podemos nos gabar de que presenciamos o auge da humanidade e todas as suas vastas possibilidades.

E a banda Terra Celta subiu ao palco do Sesc Belenzinho para deixar isso bem claro.

Afinal, em que outra época da história você, apreciador da cultura medieval, poderia ver um grupo musical tocando com maestria um tipo de canção que você só conseguia ver em filmes? E ainda por cima em português.

Sou fã do cenário medieval desde garoto. Pirava em filmes e livros sobre essa época. Cresci lendo Tolkien, T. H. White e Bernard Cornwell. Encontrava nessas histórias coisas que esse mundo já não tinha: honra, coragem, amor sincero e brigas de espada.

Era bom estar em contato com tudo que fosse medieval. Mas quase sempre minha fonte de informação ficava limitada ao mundo literário ou cinematográfico.

Em termos musicais, minha sede medieval era saciada basicamente com a trilha sonora de jogos como Zelda e Chrono Trigger. Quando conheci a banda espanhola, Mago de Oz, a coisa melhorou um pouco. Mas era só. Eu não tinha onde buscar novas sonoridades nem quem me apresentasse canções do tipo.

Pensar que hoje posso contar com bandas brasileiras à distância de um clique e fazendo aquele som que me transporta para os cenários mais bonitos da Escócia e Inglaterra me faz repetir com gosto: que boa época para se estar vivo essa em que o mundo ficou mais próximo e acessível.

Conheci a Terra Celta há mais ou menos 1 ano enquanto pesquisava sobre Hidromel na internet. Caí num site que comentou sobre um show deles, bastante elogiado, por sinal. Não demorei a procurá-los no Deezer.



Não é preciso dizer que foi amor à primeira ouvida.

A partir daí tentei ir em seus shows algumas vezes. Com a agenda lotada, a banda de Londrina não vem para São Paulo com tanta frequência, mas consegui finalmente encontrá-los na última sexta-feira.

A comedoria do Sesc Belenzinho estava lotada. Famílias inteiras vieram curtir o som e, a julgar pela quantidade de gente dançando em todo o salão, é fácil supor que aproveitaram bastante a noite.

Não foi por menos.

Logo nas primeiros segundos o grupo ofereceu uma incrível canção instrumental. O som era pesado e viajante. Nas mãos dos integrantes da banda, instrumentos clássicos do Rock como guitarra e baixo se mesclavam com outros de época como violino e viola de roda (suponho, posso estar enganado). O grupo ainda viria a usar flauta, bandolim e até mesmo gaita de fole em outras canções, dando um show de versatilidade e talento.

Outra das habilidades da banda está no carisma. Cada músico passou a maior parte do tempo sorrindo, apreciando o que fazia e, simplesmente, feliz por estar ali, em outra cidade, com a casa cheia e animada. Glória essa que, infelizmente, poucas bandas independentes alcançam.

Mas não há som que levante o público se não houver uma boa energia por parte da banda, em especial de seu frontman. Por sorte, esse papel é encarnado por um cara extremamente simpático, que não cansava de agradecer ao público pela presença e aos astros pela oportunidade. Sua voz também combina bastante com o estilo musical, declamando poesias rápidas e certeiras.

Terra Celta fazendo o público pirar com suas canções medievais abrasileiradas. Foto: Felipe Andarilho

E é aí que está outra pérola da banda.

Escondida em sua poesia que usa, vez ou outra, sotaque caipira, está a habilidade de falar sobre diferenças e fazer críticas de forma inteligente e bem humorada.

É em canções como Quadrado e O Porco que você percebe como poderíamos ser mais felizes simplesmente respeitando o espaço do outro. Como eles dizem em Arrigo's History, que conta a história de um brasileiro simplório que vai para a Escócia: "aqui tem um homi usando saia e uns carro na contra-mão".

Com Terra Celta a lição que fica é essa: o mundo é assim, feito de diferenças. Podemos escolher implicar com elas ou podemos aprender com elas.

O show foi inteiro impecável, mas faço questão de destacar ainda alguns pontos como a execução da canção Gaia (o clipe dela é sensacional, confere aí embaixo) em que o grupo faz um importante alerta para a preservação do ambiente. Impossível ouvir e não refletir sobre como a humanidade pode ser grandiosa e, ao mesmo tempo, tão pequena e mesquinha.



Outro ponto espetacular foi uma homenagem repentina à Dolores O'Riordan, dos Cramberries, encontrada morta no último dia 15. Em meio a um trecho instrumental, a banda emendou o refrão de Zombie. Simplesmente arrepiante.

No final, para fechar a noite com ainda mais surpresas especiais, o grupo pediu que o público abrisse uma roda e desceu do palco para tocar ali. Ficaram então circulando e tocando seus instrumentos com o público vibrando em volta, numa viagem medieval surreal.

Faço questão de destacar também a sempre excelente administração do Sesc. Sou fã do clube e vários dos meus shows preferidos foram em alguma de suas unidades. O espaço do Belenzinho é sensacional, amplo e agradável. Haviam ali idosos, crianças e até bebês com seus pais curtindo a noite, convivendo felizes com quem era mais fã da banda e estava em pé cantando e dançando.

Nada menos condizente para um show de uma banda que preza pelas diferenças, respeito e apreciação da vida em todos os detalhes ;)

Curto e com altos e baixos, Orishas marca retorno em São Paulo

Show do Orishas em 01/12/2017, em São Paulo

Um dos grupos que mais admiro na vida é o Orishas, trio cubano de música latina.

Tanto que os escolhi para ilustrar o texto que fechou o ano de 2013, enquanto morei na Austrália.

Tanto que os escolhi para o texto de número 501 aqui do blog.

Orishas veio ao Brasil para show único na última sexta-feira. Foto: Divulgação

Quase ninguém conhece.

Quando me perguntam que tipo de som eles fazem, é sempre difícil responder. Começa no Hip Hop, sim. Mas é muito mais. Cada música deles traz uma carga de influências e misturas de ritmos latinos que fica não apenas difícil, mas injusto, classifica-los somente como Hip Hop.

É o tipo de banda do seleto grupo que contém O Rappa, Bomba Estéreo, Living Colour e Red Hot Chili Peppers. Bandas que não podem ser classificadas. Bandas cujo estilo são eles próprios.

Com a maestria desses poucos que conseguem fundir estilos e referências para formar um som único, os Orishas passeiam pelo Rap rápido e emendado, pela ritmo contagiante da Salsa cubana, pela viagem de um Lounge e pela harmonia de um belo Pop.

Para entender é só colocar duas canções lado a lado:

Confira Reina de La Calle:



Agora confira Elegante:



Essas canções são completamente diferentes. Não fosse pela voz marcante de Roldán González Rivero, poderiam ser facilmente atribuídas a duas bandas diferentes. O mais legal: as duas canções são do mesmo disco, no caso "El Kilo", de 2005.

Orishas começou como um quarteto em 1999 com seu álbum mais bem sucedido, a estréia "A Lo Cubano", cuja canção título talvez seja a mais famosa da banda.

A partir daí o, então trio, lançou mais 3 discos: o excelente "Emigrante", a obra-prima "El Kilo" (melhor álbum deles na minha opinião) e o também ótimo: "Cosita Buena", este último em 2008.

No ano seguinte o grupo encerrou as atividades, deixando fãs do mundo todo angustiados com o desperdício de tempo de uma das bandas latinas mais representativas e interessantes do mundo. São poucos que cantam nossas mazelas para o mundo e o Orishas era uma dessas vozes. E cantava como ninguém, colocando num suingue empolgante e energético criticas ferrenhas à desigualdade social que insiste em imperar aqui desse lado do globo.

Grupo fala em suas músicas sobre desigualdade social e problemas dos países latinos. Foto: Divulgação

Eis que, ano passado, a banda anunciou sua volta.

Além de excursionar pelo mundo, o grupo lançaria um novo disco.

A turnê incluiria o Brasil, o que é ótimo, pois costumamos ser afastados dos nossos vizinhos latinos e muitas bandas boas dos nossos hermanos evitam vir aqui por falta de interesse nosso na música deles. Se você ligar o rádio por 24 horas em qualquer estação vai poder contar nos dedos de uma mão as vezes em que toca uma música em espanhol. Não se surpreenda se não tocar nenhuma vez ou se a única vez que tocar seja um hit do verão como Despacito ou Kuduro.

Infelizmente nossa mentalidade norte-americanizada nos priva de muita coisa boa que temos aqui tão perto. Orishas é um desses casos. São poucos que conhecem e, pela quantidade de VIPs na fila do Tropical Butantã é fácil supor que muitos ingressos não foram vendidos e passaram a ser entregues gratuitamente apenas para que a casa não ficasse vazia.

Isso se refletiu também na apresentação do grupo onde tanto a banda como o público errou. A banda por jogar de frma segura, priorizando seu primeiro disco, o mais conhecido, "A Lo Cubano" e o público por justamente só conhecer esse trabalho. Pode-se dizer que, salvo algumas exceções o show dividiu-se em 70% canções do primeiro álbum e 30% de músicas novas que a banda provavelmente irá inserir em seu próximo disco.

A Lo Cubano, primeiro disco dos Orishas e sua mais famosa obra. Foto: Divulgação

O resultado não poderia se outro: um show com altos e baixos muito evidentes.

Em um momento o público cantava alto e se empolgava com músicas consagradas como Atrevido, Mística, Represent e 537 Cuba.

Em outro parecia estar dormindo com as canções inéditas ou nas poucas que escaparam do primeiro álbum como Hay un Son.

A exceção que confirma a regra e não por acaso um dos melhores momentos do show, foi Nací Orishas, única canção do disco "El Kilo" tocada e que, graças ao seu ritmo altamente empolgante e viajante, levou o público ao delírio.

Isso para uma apresentação com pouco mais de 1 hora deixou um grande gosto amargo na boca. Um gosto que dizia que o show poderia ser muito melhor. Com tanto material bom no repertório era fácil montar um setlist de pelo menos 2 horas que, mesmo permeadas com músicas desconhecidas, não deixaria o pessoal ficar parado.

No fim das contas o saldo é sempre positivo. Era uma banda que eu nunca tinha visto ao vivo e, dada as circunstâncias, nunca se sabe quando haverá outra chance (a última no Brasil foi em 2009, 8 anos atrás). Portanto não me arrependo de ter ido.

Mas que Orishas poderia fazer muito mais, ah sim, poderia ;)

Erótica, uma Comédia Necessária

Peça de Teatro brinca, homenageia, critica, canta e dança inspirada no Sexo



Outro dia eu estava revendo alguns textos aqui do blog sobre a banda Velhas Virgens. Era bom reler aquelas frases que eu mesmo escrevi e perceber como a banda sempre me surpreendeu pela sua desenvoltura ao falar de temas estranhamente ainda polêmicos, mesmo nessa época, teoricamente evoluída em que vivemos.

Dentre esses temas, talvez o mais difícil de lidar pelo homem seja o sexo. Atitude natural e biológica praticada por quase todos os seres do mundo e por quase todos os homens e mulheres que já pisaram na Terra, o sexo ainda é capaz de converter adultos em crianças de bochechas rosadas quando dá as caras na roda de conversa

Não à toa a família reunida em volta da TV se constrange quando o casal hollywoodiano resolve começar um bom e velho vai e vem bem no meio do filme. Até mesmo casais juntos há décadas evitam falar no tema ou só reservam tempo para tal depois de uma noite de bebedeira, quando o álcool retira as barreiras da vergonha.

Infelizmente alguns tabus ainda são tabus e, enquanto for assim, lidar com sexo será tão difícil quanto era para os adolescentes dos filmes American Pie.

Entretanto, graças à Deus - um Deus, esse, muito mais gente boa do que aquele que a igreja insiste em colocar no comando do universo - existem os artistas.

E artistas fazem o que querem.



Artistas gozam de uma condição que o cidadão comum jamais experimentará. Eles são livres. Não prestam contas. Reinam no submundo. Fazem a glória do que é banal.

Artistas são os verdadeiros heróis da sociedade. Não fosse por eles, tudo seria quadrado. Tudo seria cinza. Ninguém questionaria nada. Ninguém riria de uma piada à toa.

E recentemente vi alguns deles. Foi na peça Erótica, uma Comédia Gozada.

Não sou o cara mais frequentador do teatro, devo admitir. Mas é curioso que, sempre que dou uma chance para essa arte, nunca costumo me arrepender. Não foi diferente.

Conheci essa companhia nos espetáculos Beatles e A Música do Cinema que estavam em cartaz no Teatro Gazeta. Na época me surpreendi com a qualidade do musical e com a viagem causada pelas músicas apresentadas.

Fui então conferir a comédia inspirada em sexo que estava ocorrendo às segundas-feiras no Bar Brahma, mesmo dia e horário em que Caubi Peixoto tocava por anos a fio no local.



Dividida em esquetes de poucos minutos, a peça brinca com a questão do sexo no dia a dia e no imaginário popular. Dada à delicadeza do tema, não é de se surpreender que as mais curiosas histórias ganhem vida nas mãos competentes dos artistas que não só atuam, como cantam e dançam, às vezes nus, às vezes cobertos, mas sempre com a mais bonita maestria.

É nesse contexto que os personagens entram em situações curiosas, hilárias e emocionantes. Tudo feito com destreza, desnudando o tabu só para nos mostrar como somos tontos, como o mundo é legal e como, embora tenhamos esquecido há muito tempo, já nascemos pelados.

Em tempos em que artistas são acusados de pedofilia porque crianças acompanhadas dos pais visitam uma exposição onde há nudez, Erótica é uma peça mais que necessária.

É preciso questionar. É preciso falar no tabu. É preciso lidar com sexo e, mais necessário do que tudo, é preciso rir.

Serviço

A Temporada no Bar Brahma terminou, mas segundo a companhia, a partir de 18 de janeiro eles estarão no Espaço Parlapatões, com datas e horários ainda à definir. Se quiser rir e se divertir fique de olho na Página do Facebook da peça.

A música deve sempre refletir os tempos?

A cena parece tristemente comum. Um deputado conivente com um Governo corrupto comemora a salvação do Presidente. Para isso ele entoa os versos:
Tudo está no seu lugar. Graças a Deus. Graças a Deus.
A música a que esses versos pertencem foi composta por Benito di Paula, um cantor e compositor consagrado da música brasileira. Desgostoso com o contexto ao qual sua canção foi associada, o músico reclamou, dizendo que a canção tinha sido composta para sua mãe, não para o cenário de sujeira e lambança que ilustra nosso Parlamento.

Benito di Paula não gostou (com razão) da comemoração do deputado ao som de sua música. Foto: Reprodução

Leigo que sou, decido pesquisar sobre Benito de Paula.

Encontro que o músico foi duramente criticado no passado justamente pela composição dos versos acima que, mais de 40 anos depois, ajudariam o deputado a dançar.

O motivo das críticas na época do lançamento da canção, mais precisamente em 1976, foi que alguns ouvintes entenderam na canção uma posição de comodismo com relação à ditadura. Para eles, com um Governo ditador no comando, ninguém poderia jamais dizer que tudo estava no seu lugar. Pelo visto, estas pessoas não sabiam ou ignoraram que, como disse o compositor, a música era para sua mãe. Só isso. Nada de contexto social nesse caso. Nada de problemas, de politicagem. Era só uma homenagem à mãe. E qual o mal nisso?

No documentário da Netflix sobre a vida de Nina Simone, a poderosa cantora de Jazz questiona:
Como você pode ser um artista e não refletir os tempos?
Ativista ao extremo, Nina Simone é um dos exemplos de vozes que, assim como Bob Dylan, Midnight Oil, O Rappa e Gabriel, o Pensador, vivem para cantar sobre as mazelas do mundo. São artistas que se inspiram no contexto social de seus países e do mundo e daí retiram suas rimas, melodias e ritmos. Mais do que isso, são vozes que cantam por quem não pode cantar.

Nina Simone, uma das vozes mais fervorosas do mundo. Foto: Divulgação

É um ato nobre. Sem dúvidas que sim.

São artistas que usam o poder e o dom que lhes foi dado para algo maior do que o simples entretenimento.

Ainda assim, será que todo artista deve obrigatoriamente, como sugere Simone e os críticos de Di Paula, refletir os tempos?

Penso que mundo chato seria esse em que toda e qualquer canção tenha um cunho político e, consequentemente, uma carga energética pesada.

Música é uma forma de extravasar uma emoção. Seja ela o ódio pelo preconceito, seja a alegria por encontrar um amor. Seja o desprezo contra a política corrupta, seja a tranquilidade de, digamos, apreciar uma gravata de um desconhecido na rua.

O artista que reflete seu tempo é, sem dúvida um grande artista e será devidamente reconhecido pela coragem que faz pulsar nas pessoas que os ouvem. É um artista essencial para o mundo. Assim como aquele artista que celebra a vida, em qualquer detalhe ou ponto de vista. Há música para qualquer momento e tudo que é demais, cansa ou faz mal. Fã que sou do Gabriel, o Pensador, tenho que assumir que não consigo escutá-lo por tempo demais. Simplesmente porque não consigo me desligar de suas rimas. Quando o ouço, tenho que prestar atenção na letra. Tenho que compartilhar com ele minha indignação. Tenho que ficar chateado e raivoso com o meu País de merda. Não consigo ouvir Brasa ou Até Quando? e não ficar mal. Na bad, mesmo.

O Pensador, capaz de nos fazer refletir sempre, em cada verso. Foto: Divulgação

O mesmo acontece quando ouço Beatles, a banda da minha vida. É tanta romantismo que, uma hora sinto que preciso de algo mais abstrato, menos compreensível. Quem sabe até instrumental, assim eu não cismo de cantar e interpretar junto.

Há espaço para tudo na cabeça de um ouvinte médio.

Há lugar para o músico crítico e há lugar para o músico apreciador. Há também lugar para o viajante, aquele que fala do nada e do tudo e ninguém entende direito do que se trata.

Essa é uma das melhores coisas da música. Há música para tudo. Para todos. Para qualquer momento e qualquer emoção.

Aos músicos que refletem os tempos, o meu máximo respeito. Vocês não serão esquecidos. Aos que cantam sobre outras coisas, pequenas ou grandes, mas o fazem com o coração, respeito por vocês também ;)

Para não dizer que não teve música:

Revolução

Vivemos dias de guerra. Mas contra as pessoas erradas.

Não se fala em outro assunto. O Brasil está mais interessante do que a série House of Cards sobre os bastidores do poder na Casa Branca. Seria cômico se não fosse trágico. São tantas manobras, recursos, operações e surpresas que cada dia traz uma nova bomba para as manchetes. Sou um cara relativamente jovem, mas não posso dizer que testemunhei um momento tão delicado para a política brasileira quanto este.

E percebendo a máquina de agressões e julgamentos que se tornam as redes sociais nessas épocas (eleições de 2014 que o diga, que nojo daqueles dias), percebo uma importância em abordar o tema da política e das manifestações populares no nosso País. Corro o risco, como sempre, de ser agredido verbalmente por algum militante virtual, mas quer saber? Que se dane.

Beatles em 1968, ano da Revolução! Foto: Divulgação

A incrível inflação dos ingressos de shows

Coeficiente U2 evidencia o caráter exploratório das organizadoras

Há quem reclame do preço dos ingressos dos shows atualmente. Há quem aceite, encarando-os como mais uma das altas contas a se pagar por viver no Brasil. Alguns poucos boicotam ou ignoram os shows. E muitos continuam comprando, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Pertenço ao grupo dos que reclamam e boicotam. Acredito no boicote, mas não na reclamação. Deixei de ir em shows grandes há tempos, mas sei que reclamar da vida não ajuda em nada a melhorá-la. Portanto, decidi fazer esse estudo comparativo para mostrar ao público o quanto estamos sendo explorados continuamente pelas organizadoras. Afinal, com informação eliminamos a desculpa de que "a vida é assim mesmo" e podemos questionar melhor e até decidir melhor se vale a pena ou não ir à um show. Sei que há muita emoção envolvida na compra de um ingresso para um show, especialmente shows de bandas queridas, mas como profissional de marketing, sei que a emoção pode ser o pior inimigo de um cidadão comum no ato da compra.

U2 no Brasil há 10 anos. Foto: Divulgação.

Mmm Mmm Mmm Mmm: mais que um monte de Ms

Canção triste ou piada do Rock, música dos Crash Test Dummies é uma verdadeira obra de arte

Lembro como se fosse ontem quando ouvi Mmm Mmm Mmm Mmm pela primeira vez. Algum colega da escola tinha vindo em casa e baixado algumas canções. Quando vi aquele monte de Ms seguido pelo nome da banda igualmente curioso de Crash Test Dummies, não pude deixar de conferir. Eu era um moleque que não conhecia quase nada de música, mas ainda assim soube que era uma canção incomum. É estranho como sabemos quando estamos diante de uma música especial. Talvez 1 música à cada 100 possa ser classificada assim. De qualquer maneira, eu sabia que a canção dos murmúrios era parte desse panteão. Não à toa, a obra me acompanha até hoje e quando a escuto numa rádio, um filme passa pela minha cabeça. Segue a letra:

Crash Test Dummies. Divulgação.

2015, um ano de loucuras. Para a música, ótimo. Para a realidade, uma pena!

Balanço do ano mostra um ano virado do avesso. Confira as canções favoritas do blog em 2015 e nos ajude a torcer para que no Ano Novo a loucura continue apenas na música

Mais um ano que acaba. Ao contrário dos anos anteriores, 2015 encerra-se deixando um gosto levemente amargo na boca. Assim como aquele vinho ruim que demora pra ser digerido, vai ser difícil por para baixo o ano de 2015 e há quem diga que as consequências dessa má digestão poderão durar até 2017, talvez mais.

Alabama Shakes, um dos loucos bons de 2015

Sujo, frio e bêbado!

Um tapa na cara da Cidade Grande

Foi com o Ska, um ritmo forte e viajante baseado em instrumentos de sopro, que O Rappa iniciou sua carreira, em 1994. O balanço somado às letras críticas e poéticas do baterista Marcelo Yuka mostraram ali, no primeiro disco, que a banda carioca não era qualquer uma. Seu som era emblemático, poderoso, denso, liricamente pesado e instrumentalmente empolgante. É desse disco uma das maiores pérolas dO Rappa e é a canção que nos levará para passeio hoje. Segue a letra:


Uma vez na vida

Uma canção para refletir sobre realização pessoal

Talking Heads é uma das geniais bandas underground dos anos 80. Você provavelmente já ouviu no rádio em algum Rock Bar e até deve cantar junto as vocalizações de Psycho Killer, mas talvez não saiba que há diversas canções da banda tão boas quanto essa. É o caso de Once In a Lifetime, do disco "Remain in Light", lançado em 1980. Segue a letra:


É Pra Rir ou Pra Chorar?

Tá comemorando o quê? Tá chorando por quê?

Ah, as eleições... Ao contrário de qualquer evento cultural ou esportivo que tende a unir as pessoas, do fanático futebolista até o mais cético e ignóbil dos apreciadores como eu próprio, que me dividi ao meio na Copa do Mundo - metade à favor do Brasil, metade contra os gastos absurdos para a realização do evento - as eleições geralmente tendem à fazer o contrário: dividir as pessoas e coloca-las em uma verdadeira guerra verbal (às vezes, infelizmente, armada). A pergunta que faço com esse texto é, como o próprio título da canção do Gabriel o Pensador, por quê? Segue a letra:


A(s) Pior(es) Operadora(s) de Celular do Brasil

Esse texto foi originalmente publicado no meu perfil do Facebook, mas como gostaria que ele ficasse acessível à qualquer um que buscasse informações e reclamações sobre a operadora em questão, resolvi colocá-lo no blog. Se você procura algo de musical aqui, não vai achar nada além das musiquinhas irritantes que colocam no telefone enquanto você espera por horas para ser atendido...

Quando o assunto é telefonia, qualquer um de nós já sabe que a coisa é complicada. Em todas as vezes que perguntei à um amigo se sua operadora de celular é boa, nunca - jamais - escutei uma resposta positiva. Oi? Caríssima. Tim? Sinal horrível. Vivo? Ninguém usa. A operadora pode até mudar, mas as respostas invariavelmente serão as mesmas. No meio de tantas companhias ruins, será que é possível encontrar uma operadora boa? É uma terefa quase impossível. Mas não tanto quanto encontrar a PIOR delas. Na minha humilde opinião - e baseado unicamente na experiência que tive - a pior delas é a CLARO.

O que está oculto no logotipo

[LANÇAMENTO] O Rappa: Nunca Tem Fim

Uma ode às pessoas invisíveis

Se há uma banda braisleira de quem eu prezo muito o trabalho, esse alguém é O Rappa. A importância da banda não é somente por fazer música boa, mas sim por sua preocupação genuína - quase obsessiva - com os oprimidos pela sociedade. É impressionante como pobres, desempregados, mendigos, ladrões e todos que não tem um lugar ao sol no mundo atual recebem uma atenção especial da banda carioca. Essa canção é uma homenagem às pessoas que estão sempre à nossa volta, mas pouco percebemos, dado seu baixo destaque na escala social. É parte do último disco da banda, "Nunca Tem Fim", lançado ano passado, 2013. Segue a letra:


Você seria capaz de ser amado?

Amor que muda o mundo

Há quem venha ao mundo e viva cem anos. Há quem venha e fique alguns meses - ou dias. A ninguém cabe entender os designeos do destino, mas o que é certo é que, cada um que por aqui passa, muda completamente o mundo de algumas pessoas. Há ainda aquelas pessoas de grande luz, cuja centrelha é capaz de mudar o mundo todo de alguma forma específica, e pelo curto tempo em que brilharam, se tornam ainda mais especiais. No meio musical isso aconteceu várias vezes. É o caso do mestre do Reggae, Bob Marley, cuja obra e influência permanecem vivas e fortes até hoje. Essa canção é do disco "Uprising", de 1980. Segue a letra:


Brazuca é bom de bola

A Copa das Copas e a Copa Política

O juíz já apitou, a bola está rolando e a Copa do Mundo segue no nosso país em meio à surpresas (Costa Rica batendo no Uruguai e na Inglaterra?), zebras (Espanha primeira eliminada) e muita polêmica envolvendo a organização do evento e o momento poítico que nosso país vive. Devo admitir que mesmo não sendo fã de futebol, a coisa muda na hora da Copa do Mundo. Não assisto as finais do bom e velho Santos, clube para o qual alego torcer, e não sei quem são metade dos jogadores da Seleção atual, mas mesmo assim acompanho todas as Copas com uma curiosa e incoerente paixão. Quando o evento resolveu ser no Brasil, o que parecia o acontecimento perfeito para esse tipo de torcedor acabou dividindo-o ao meio. Para refletir um pouco, vamos ao som do Gabriel, o Pensador, como sempre cutucando nossas feridas com coragem e anseio por mudanças. Essa canção é uma velha obra presente no disco "Nádegas a Declarar", lançado há 15 anos, mas que se revela mais atual do que nunca com a "Copa das Copas" acontecendo em solo brasileiro. Segue a letra:


Louco

Deus me livre de ser normal

A canção na qual viajaremos hoje é parte importante da trilha sonora da minha vida na Austrália. Ironicamente, assim como os Orishas, a canção é latina e cantada em espanhol. Não posso deixar de sorrir e olhar pra cima ao imaginar como canções geograficamente tão próximas do Brasil só vieram aparecer na minha vida aqui do outro lado do globo. É parte da vasta discografia de Andres Calamaro, músico argentino pouco conhecido no nosso país e, portanto, sua aparição é ainda mais honrosa. O disco que carrega a canção chama-se "Alta Suciedad" e merece uma audição completa. Além de um ótimo ritmo a obra de hoje põe na mesa uma reflexão importante sobre a vida. Me foi apresentado pela minha pequena Alexita e, desde então, não fica uma semana sem ser tocada pelo menos uma vez. Segue a letra:


Candidato Caô-Caô

Pra escapar da política, só em um plano espiritual mais elevado

Logo que cheguei em Perth, há mais ou menos oito meses atrás, ouvi falar de um show bastante interessante para os brasileiros que vivem desse lado do mundo. Tratava-se de um show do Rappa Cover. Infelizmente não pude ir naquela ocasião, mas já consegui comparecer à uma das apresentações dos caras aqui. Eles são realmente bons e me fizeram lembrar do magnífico show do Rappa que vi ano passado. Parando pra pensar é bastante intrigrante saber que há uma banda brasileira cover do Rappa em Perth. No mínimo uma honra para a banda original, eu diria. Poucas bandas - talvez nenhuma - tenha conquistado um feito do tipo. Movido pela energia desses caras, vamos viajar num som do primeiro disco deles, "O Rappa", de 1994. Segue a letra:


[ESPECIAL] A Rua


Este texto é um marco na história desse humilde blog. Logo depois que postei a última viagem sobre o Midnight Oil, percebi que aquele foi o texto de número 500. Tal marca merecia uma pequena celebração, mas como só percebi após postá-la, resolvi deixar a celebração para a viagem número 501 - a que faremos agora. Em março desde ano, o blog completou 4 anos de atividade. Como eu não sei a data exata em que ele foi criado, prefiro deixar a marcação do tempo vir com o número de postagens que o Blogger me informa tão prontamente à cada vez que acesso o painel. Completar 501 textos, embora não seja nada extraordinário, é de se levar em conta quando observamos que eles tratam puramente do bom e velho Rock And Roll. Ok, exagero quando digo "puramente", afinal há uma meia dúzia de artistas comentados que não se enquadram exatamente nesse nicho, mas nem por isso são menos importantes que os demais, ao exemplo do mestre Jorge Ben, do brother Jack Johnson e do sábio Gabriel, o Pensador - para citar apenas três. É justamente por isso que esse texto, que introduz a segunda metade de mil, será tão significativo. Sempre que meus textos fogem do Rock - gênero musical que inspirou a criação do blog - sinto-me impelido à pedir licença ao leitor que, acostumado com a cor preta e a guitarra distorcida, pode pensar que não o amo mais. Assim como o amo, também amo Rock and Roll. Mas meu coração é grande e também amo diversos outros gêneros musicais. Na verdade amo a música em si, livre de qualquer catálogo. É por isso que, a partir do texto de hoje, qualquer gênero musical será bem-vindo no blog. Este não estará mais restrito à Rock, Blues e Jazz - embora tais estilos continuarão sendo a força motriz dos textos. E sim, Beatles continuará sempre liderando as viagens. Mas vez ou outra dará às caras aqui uma canção de um universo diferente, mas tão poderosa e viajante que logo perceberemos que ela era do mesmo universo - pois só há um universo musical. Isso é apenas uma forma de eliminar a barreira que eu mesmo coloquei sobre canções que me fazem viajar tanto quanto as guitarras do ACDC, mas que nunca foram comentadas aqui. Acredito que o caro leitor que acompanha o blog à tanto tempo não se sentirá ofendido com essa sutil mudança e continuará me presenteando com suas visitas. Para inaugurar o feito, falarei de Orishas. Essa é não só a primeira viagem sobre Hip Hop e música latina como também a primeira viagem em espanhol. Veja só você que avanço. Espero não cometer nenhum erro da língua, afinal meu espanhol é exatamente do mesmo nível de uma iguana. A canção é do disco "El Kilo", de 2005. Segue a letra:


Brasa!

Eu tô morrendo de orgulho!

Desde que cheguei na Austrália há mais ou menos 4 meses atrás raras foram as vezes em que quis voltar para casa. Não é que eu não goste do Brasil. Mas a forma como nosso país é governado me incomoda de tal maneira que não faço questão de morar ali mais. Eu tinha perdido as esperanças e lavei minhas mãos. Entretanto na última semana acompanhei de perto todas as manifestações que meus irmãos de pátria realizaram e pela primeira vez senti que gostaria de estar lá e não aqui por um momento. Para viajar na dualidade entre amor e tristeza relacionados à minha casa, escolhi um som do Gabriel, o Pensador que tem muito para dizer. Faz parte do disco "Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo" lançado em 2001. Segue a letra:


Único

Um relato frio e doloroso sobre a guerra

De vez em quando comento sobre as injustiças que cometi nesse blog, ao demorar pra postar sobre uma banda ou não dar a devida atenção à uma banda que merecia mais destaque. De todas as injustiçadas, talvez Metallica seja a maior delas. Desde que iniciei esse blog só há uma musiquinha do Metallica, sendo que essa é uma das maiores bandas de Heavy Metal que existe. Embora The Unforgiven seja uma das maiores obras deles, os caras têm muito mais material bom pra ser explorado. Aqui vai mais uma pedrada deles. Daquelas que chacoalha a alma e dói no cérebro. Falando em injustiça, o nome do disco na qual saiu foi "And Justice for All" de 1988. Segue a letra: