Erótica, uma Comédia Necessária

Peça de Teatro brinca, homenageia, critica, canta e dança inspirada no Sexo



Outro dia eu estava revendo alguns textos aqui do blog sobre a banda Velhas Virgens. Era bom reler aquelas frases que eu mesmo escrevi e perceber como a banda sempre me surpreendeu pela sua desenvoltura ao falar de temas estranhamente ainda polêmicos, mesmo nessa época, teoricamente evoluída em que vivemos.

Dentre esses temas, talvez o mais difícil de lidar pelo homem seja o sexo. Atitude natural e biológica praticada por quase todos os seres do mundo e por quase todos os homens e mulheres que já pisaram na Terra, o sexo ainda é capaz de converter adultos em crianças de bochechas rosadas quando dá as caras na roda de conversa

Não à toa a família reunida em volta da TV se constrange quando o casal hollywoodiano resolve começar um bom e velho vai e vem bem no meio do filme. Até mesmo casais juntos há décadas evitam falar no tema ou só reservam tempo para tal depois de uma noite de bebedeira, quando o álcool retira as barreiras da vergonha.

Infelizmente alguns tabus ainda são tabus e, enquanto for assim, lidar com sexo será tão difícil quanto era para os adolescentes dos filmes American Pie.

Entretanto, graças à Deus - um Deus, esse, muito mais gente boa do que aquele que a igreja insiste em colocar no comando do universo - existem os artistas.

E artistas fazem o que querem.



Artistas gozam de uma condição que o cidadão comum jamais experimentará. Eles são livres. Não prestam contas. Reinam no submundo. Fazem a glória do que é banal.

Artistas são os verdadeiros heróis da sociedade. Não fosse por eles, tudo seria quadrado. Tudo seria cinza. Ninguém questionaria nada. Ninguém riria de uma piada à toa.

E recentemente vi alguns deles. Foi na peça Erótica, uma Comédia Gozada.

Não sou o cara mais frequentador do teatro, devo admitir. Mas é curioso que, sempre que dou uma chance para essa arte, nunca costumo me arrepender. Não foi diferente.

Conheci essa companhia nos espetáculos Beatles e A Música do Cinema que estavam em cartaz no Teatro Gazeta. Na época me surpreendi com a qualidade do musical e com a viagem causada pelas músicas apresentadas.

Fui então conferir a comédia inspirada em sexo que estava ocorrendo às segundas-feiras no Bar Brahma, mesmo dia e horário em que Caubi Peixoto tocava por anos a fio no local.



Dividida em esquetes de poucos minutos, a peça brinca com a questão do sexo no dia a dia e no imaginário popular. Dada à delicadeza do tema, não é de se surpreender que as mais curiosas histórias ganhem vida nas mãos competentes dos artistas que não só atuam, como cantam e dançam, às vezes nus, às vezes cobertos, mas sempre com a mais bonita maestria.

É nesse contexto que os personagens entram em situações curiosas, hilárias e emocionantes. Tudo feito com destreza, desnudando o tabu só para nos mostrar como somos tontos, como o mundo é legal e como, embora tenhamos esquecido há muito tempo, já nascemos pelados.

Em tempos em que artistas são acusados de pedofilia porque crianças acompanhadas dos pais visitam uma exposição onde há nudez, Erótica é uma peça mais que necessária.

É preciso questionar. É preciso falar no tabu. É preciso lidar com sexo e, mais necessário do que tudo, é preciso rir.

Serviço

A Temporada no Bar Brahma terminou, mas segundo a companhia, a partir de 18 de janeiro eles estarão no Espaço Parlapatões, com datas e horários ainda à definir. Se quiser rir e se divertir fique de olho na Página do Facebook da peça.

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