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Alivie as preocupações com Blues Etílicos

Para quem tem o espírito colecionador, plataformas como Spotify e Deezer trazem um novo prazer que, se não substitui por completo, ao menos alivia a ausência do antigo hábito de buscar discos pelas lojas hoje extintas: a criação de playlists.

A possibilidade e agrupar, organizar e classificar as canções favoritas oferece não apenas a certeza de uma boa audição, mas também ajuda a descobrir bandas e canções novas, como comentei nesse post do Gustavo Andrade.

Foi degustando esse novo hobbie que criei playlists que tocam semanalmente no meu player: Hard Rock B-Sides, com todas canções pesadas oitentistas que eu gosto e que não fizeram o mesmo sucesso (e também por isso não me enjoaram tanto como) os super-hits; Electro Swing, com várias canções desse novo gênero que mistura a maestria do jazz com o impulso eletrônico; Coletânea Oasis Studio, copiando música a música um CD gravado por um amigo na adolescência que me fez gostar demais da banda inglesa.

E por aí vai...

Uma das listas que criei compila as músicas que mais tenho apreciado dentro do cenário do Blues Nacional.

Recentemente, enquanto fazia uma nova curadoria na lista, encontrei essa canção do Blues Etílicos que eu ainda não conhecia. É do ótimo disco "Puro Malte".



Como normalmente ocorre com as Grandes Músicas dos Deuses, eu fui inicialmente bombardeado com frases interessantes e um ritmo energizante que me fizeram querer ouvir a canção de novo, dessa vez prestando atenção na letra.

Foi então que descobri uma música realmente boa. Daquelas sábias. Com palavras bonitas e de grande valor ao ouvinte. Esse tipo de canção é raro, mas quando a encontramos, tudo vale a pena, pois elas nos enchem de alegria e vontade de viver.

A lição ensinada aqui é a de abraçar o desconhecido. Não temer as mudanças. Saber desfrutar as novidades que a vida nos proporciona.

Saia da Rota traz aquele ritmo bluseiro impecável costumeiramente executado pelo grupo brasileiro. Há talvez um diferencial no groove, gerando uma melodia contagiante, positiva, como justamente a poesia precisa.

Na letra, o narrador conta como percebeu um "desvio na estrada" que o levou por um "lugar novo que eu não esperava". E em versos rápidos e certeiros ele descreve uma série de atividades que podem nos proporcionar um novo descobrimento pessoal:
A caminhar domingo com as paineiras
Abrir o apetite com Santa Teresa
Fazer um piquenique no meio do mato
Jogar fora o relógio, nadar pelado
Pular de asa-delta na Pedra Bonita
Saltar de paraquedas uma vez na vida
São ações ora banais, ora aventureiras, mas todas trazem aquele desafio de sair da zona de conforto, mas que nos trazem tanto aprendizado e emoções únicas.

Claro que o momento atual de confinamento e isolamento social não nos permite adentrar em algumas dessas experiências, mas podemos interiorizar o ensinamento para questões mais pessoais como a mudança de um emprego, o fim ou início de um relacionamento, ter um filho, ou um cachorro, enfim. A lição que fica é essa: não se fechar para os novos ventos.

Escute aqui:


O humor e a filosofia Beatnik de Porcas Borboletas

Quando terminei meu segundo livro, Meditando no Banheiro, e pedi para o mestre chargista Márcio Baraldi escrever um prefácio para apresentar o livro, me surpreendi com um texto em que ele chamava de "O Último Beatnik".

A surpresa se deu por que eu não imaginava que minha escrita soaria tão facilmente Beatnik.

Foi uma boa surpresa.

Um elogio, assim eu entendi. Fiquei orgulhoso, devo admitir.

Os Beatniks foram artistas da década de 50, criadores de um estilo de vida inspirado na liberdade, na amizade e no questionamento. Mais ou menos como os Hippies viriam a fazer posteriormente. Nomes Beat famosos são Jack Kerouac, Charles Bukowski e William S. Burroughs.

Como ser associado à nomes grandiosos como esses pode não ser um elogio? Escritores Beat foram (e continuam sendo) inspiração para meus textos.

Banda Porcas Borboletas: muito humor e força musical em versos Beat

Creio que o que mais me chamou a atenção em livros como On The Road, de Jack Kerouacc, foi a liberdade. O desejo de viver a vida, sem regras, sem amarras.

Não há preconceito em uma história Beat. Tudo é permitido e tudo é perdoável, desde que feito com emoção.

É o que viria a ser a essência do espírito Rock'n'Roll.

"Curtindo o que a vida me dá de presente", como sintetizaria tão bem, décadas depois, as Velhas Virgens, outros ícones da cultura (ou contracultura) Beat.

E há alguns anos conheci uma outra banda que compartilha dessa mesma essência e, não por acaso, acabei viajando completamente no som deles: Porcas Borboletas.

Não trazem consigo a mesma alegria pulsante das Velhas, mas encontraram o caminho para a música dos deuses com outro tipo de humor: o autodepreciativo. Dessa forma a banda entrelaça um trabalho instrumental de primeira com letras que versam sobre conquistas amorosas mal sucedidas, deficiências físicas do narrador, desilusões com projetos pessoais e muito mais.

Tudo com um estranho e poderoso carisma na voz do vocalista Danislau.

Quem viveu a vida minimamente não vai conseguir deixar de sentir empatia em versos como:
Todo mundo está pensando em Sexo.
Todo mundo disfarçando muito bem.
Será que só você não? Será que só você não?
Meu bem...



Ou:
Tudo que eu tentei falhou:
Sapatênis, bandana, sunga dos states, suspensório
Relacionamento aberto, fechado, ménage à trois, suruba psicodélica
Abstinência do uso de drogas seguido da suspensão da abstinência
Paraíso, purgatório, inferno, rua augusta



É necessária uma rara habilidade para rir dos próprios problemas.

Enquanto a maioria das pessoas acaba sucumbindo às pressões e as derrotas, Porcas Borboletas faz música. Eles riem do destino. Sabem que não é preciso levar tudo à sério e que, por mais difíceis que sejam nossos desafios, tudo fica mais fácil com amigos em uma mesa de bar.

É aquele pensamento que só os mais sábios conseguem incorporar: se não der certo, afinal, pelo menos a gente tomou umas cervejas e deu risada.

Embora a filosofia Beat fique evidente em canções como Derrota Transcedental, Você Mentiu, Ejaculação Precoce e nas já citadas, é em Aninha, uma canção mais simples e intimista, que o grupo atinge o ápice da viagem musical.

Acompanhando um poema ligeiro que descreve com delicadeza a Aninha do título, a guitarra cria um ambiente profundo e envolvente. As cordas hipnotizam e os versos saem com brisa:

Greta garbo
The pin-up's dreams
The fifties
Tudo existiu
Pra vestir aninha

Após aprisionar o ouvinte com o clima sereno e misterioso, o grupo está livre para explodir. É quando a canção vira um Rock vigoroso. Os versos se repetem, mas paixão pela Aninha se torna visceral, obsessiva.

Não há conclusão para a história, mas isso não a torna menos perfeita.

Ao contrário, é justamente por esse olhar distante que a obra ganha importância.

Trata-se, afinal, de apenas uma constatação. Um devaneio, como em Heaven dos Rolling Stones ou Cheap Day Return do Jethro Tull. Um momento de delírio no qual o narrador, como nós, é impotente. Como a maioria dos eventos de nossas vidas, não há muito o que fazer. Apenas aceitar e admirar.

Confira Aninha:

Os Dois Guerreiros

Reflexão banhada a Incubus. Fica melhor se você der o play:



Dentro de mim existem 2 guerreiros.

Um é preocupado, amedrontado, pessimista, espera sempre pelo pior. Tem medo do desconhecido e acredita que nunca vai estar totalmente preparado para o que vier.

Ele não é necessariamente mau. Ele faz o que pode. Encara o medo, sua frio, fecha os olhos e se agarra num fiapo de esperança de que Deus exista, embora ele às vezes tenha suas dúvidas. Ele não acredita em si mesmo, acha que pode fraquejar a qualquer momento. Fica facilmente impressionado e se deixa abalar pela menor das más notícias. Ele é escravo da sua mente. Deixa que ela domine seus sentimentos e seu corpo.

Ele precisa ser liberto.

O outro guerreiro é alegre, sempre bem humorado. Aceita que não tem controle sobre a vida e recebe o que quer que o mundo lhe traga de braços abertos e com um sorriso no rosto. Ele não sente medo. Ou sente, mas não o suficiente para que ele mude a menor de suas decisões. Esse guerreiro tem fé no mecanismo e sabe que Deus está com ele, seja lá de qual forma Ele use. Ele não se sente um mestre, mas ousa acreditar que, de vez em quando, experimenta a iluminação. Ele sabe que não é responsável pelas mazelas do mundo, mas não é indiferente. Simplesmente faz a sua parte o melhor que pode. Ele é seu melhor amigo e tem sua mente sob controle. Ele não precisa entrar em nenhuma batalha, simplesmente porque ama o mundo, a paz e a vida e qualquer agressão seria uma afronta a essa grande Beleza.

Ele precisa libertar o outro guerreiro.

Não precisa matá-lo. Precisa treiná-lo. Precisa ensiná-lo a domar o medo. Tê-lo sob suas rédeas. Precisa mostrar a ele como libertar-se da insegurança da falta de controle. Precisa que ele entenda que o medo pode existir, mas nunca estar no comando. Precisa que ele entenda que nunca houve controle.

E ele fará isso.

Porque ele ama o outro guerreiro.

Ele sabe que, por mais diferentes que sejam, eles na verdade são o mesmo.

São parte do todo. São parte de tudo.

Os dois juntos, como tudo no mundo, são parte da grande Beleza.

E o outro guerreiro - o covarde, porém esperançoso - vai aprender.

Vai se esforçar, vai resistir, mas vai aprender.

Vai andar um passo depois do outro. Vai viver um dia de cada vez.

E nunca vai desistir.

O guerreiro "mestre" será paciente. Vai sorrir a cada lição, como sempre faz. Se preciso, ele repetirá mil vezes cada lição. Mesmo que ele morra tentando ensinar seu amigo, ele sabe que terá valido a pena.

Vai dar certo. Sempre dá, ele sabe.

"Ultimamente, estou começando a achar
Que deveria seu eu atrás do volante.
O que quer que o amanhã traga
Estarei lá
De braços abertos e olhos abertos"
(Drive)

Tinariwen Mostra que Não Sabemos Nada do Mundo

Há alguns meses li no excelente blog do Barcinski sobre os melhores álbuns que ele ouviu em 2017.

Dentre a lista figurava um nome um tanto quanto diferente: Tinariwen.


O jornalista descrevia o som do grupo como um blues desértico, "uma música hipnótica e lúdica".

O que mais me chamava atenção, devo confessar, era a vestimenta dos integrantes. Todos enrolados em panos e turbantes, tocando guitarras no meio do deserto. Mas que diacho seria aquilo?

Trata-se de uma banda do Mali. Se você como eu não sabe de cabeça onde fica esse lugar, já adianto: continente africano, hemisfério norte. Bem no meio do calor e muito próximo do Deserto do Saara. Daí a aparência nômade do grupo. Coisa que eu só tinha visto em filmes de aventuras, tipo Indiana Jones.

Como sempre atraído pelo que é diferente, decidi ouvir as canções sugeridas no post. Não demorei à me inspirar pela absurda qualidade musical. Parti então para os discos inteiro e para os vídeos.



Que música esses caras fazem! E que viagem é assistir os vídeos da banda.

Prepare-se para ser transportado para outro mundo. Prepare-se para entrar num portal e sair do outro lado onde tudo é diferente e onde toda beleza se resume à uma simplicidade de viver a vida.

Um mundo onde cavalos são substituídos por camelos. Ruas movimentadas dão lugar ao perigoso e místico deserto.

Canecas de cerveja são substituídas pelo café e o tão confortável inglês é trocado pelo bambara.

Ouça e deixe-se levar. Siga as miragens da sua mente e adentre um deserto de sons, viagens e sentimentos. Não tenha medo. A viagem valerá a pena. Disso você pode ter certeza.



Quando achar que está perdido demais, é que a coisa fica melhor. É aí que as guitarras surgem pesadas, fazendo um equilíbrio impecável com a tranquilidade do batuque e da voz.

É o tipo de som para se ouvir, se possível sentado numa poltrona bem confortável, com a cabeça encostada, no gatilho para sonhar. Uma postura que te permita flutuar. Pirar.

Tinariwen. Uma banda do Mali que só veio aqui para te mostrar o quanto o mundo é grande e bonito e questionar por que ainda cismamos em ignorar a maior parte do que ele tem para oferecer.

Não sabemos nada do mundo. Mas com Tinariwen agora sabemos um pouco mais. Que eles nos inspirem a adentrar o deserto do desconhecido e provar os néctares misteriosos que ali encontrarmos ;)

Abundância e Impaciência: o que 3 meses de Spotify me mostraram

É legal perceber como as pessoas estão atualmente dispostas à pagarem por serviços que consideram bons e acessíveis.

Dei uma chance ao Spotify. Veja como foi a experiência

Talvez seja devido ao aumento do poder de compra. Ou talvez seja o aumento da consciência. Ou ainda talvez o motivo seja que não havia esse tipo de produto no mercado naquela época. Gosto de pensar que é um pouco de cada. Vivemos e aprendemos. A internet ainda é uma criança e, como tal, não cansa de nos surpreender com sua constante evolução e madurez.

Lembro quando eu era garoto do Napster. Era o sonho que todo adolescente (e adulto, acredito) tinha: um local para ouvir qualquer música do mundo de graça. Você não precisava mais ir à uma loja e gastar um bom punhado de reais num CD nem esperar dias e mais dias para ouvir aquela canção especial no rádio e torcer para gravá-la numa fita K7 sem que o locutor falasse o nome da emissora no meio do solo.

Napster. Mesmo ilegal, fez a alegria de muita gente nos anos 90.

O Napster foi, sem dúvida, uma revolução. Foi ilegal, é claro. Nada tão bom quanto aquilo poderia ser de graça. Mas ainda assim fez sua parte na contribuição para que muita gente pudesse ter acesso às músicas que apreciava. Durou pouco, mas abriu caminho para o Kazaa, Morpheus, Emule e dezenas de outros softwares voltados para compartilhamento de arquivos.

Querendo ou não a porteira havia sido aberta. A partir daí passou a tornar-se cada vez mais difícil parar a pirataria. À cada dia novos arquivos, discos, filmes, livros e softwares eram disponibilizados. Com a criação de sites específicos para upload e download de arquivos como Mediafire, Megaupload e Rapidshare a coisa ficou ainda mais prática. Não era preciso mais um software, apenas um link possível de ser aberto em qualquer navegador.

Netflix. Barato e simples, deu um drible na pirataria.

Demorou uns 15 anos, mas as grandes corporações da mídia finalmente aprenderam a contornar a situação. A resposta, na verdade, estava mais próxima do que eles podiam imaginar: por que elas mesmas não disponibilizavam o conteúdo por um preço mais aceitável? Assim fizeram. E não é que a coisa deu certo? Enquanto quase ninguém mais estava disposto à pagar R$20 em um CD ou R$8 num aluguel de filme, a solução foi cobrar um valor quase simbólico e deixar à cargo do consumidor a escolha sobre o que ele queria de verdade.

Assim nasceu o Netflix. Pelo preço de 2 filmes alugados no mês, o cliente tem à disposição mais de 1.000 títulos.

Assim nasceu o Spotify. Pelo preço de 1 CD no mês, o cliente tem à disposição milhões de músicas.

O sucesso dessas plataformas só mostra que o público estava sim disposto à abrir mão da pirataria, desde que o preço fosse honesto.

Demorei para aderir ao Spotify, principalmente por eu ter em casa uma coleção de CDs suficiente para meses de audição sem repetir. Talvez eu nunca tivesse assinado o programa se não fosse uma promoção que eles fizeram. 3 meses de Spotify por R$2 ao mês. Como perder? Resolvi então testar a plataforma.

Como Sam Tarly do Game of Thrones na Biblioteca da Cidadela. Foi assim que me senti nesses 3 meses de Spotify.

A primeira coisa que percebi foi que o acesso às músicas é praticamente ilimitado. Há abundância de canções é realmente estonteante. Com exceção de 2 ou 3 bandas que não encontrei, todas as outras tinham lá sua página com informações e discografia quase completa. Para quem gosta de descobrir bandas o Spotify é um prato cheio. Servindo como ferramenta para divulgação de bandas menores, o programa torna-se um porto seguro para que essas bandas tenham seu material publicado e que os interessados os encontrem e sigam suas atividades. XYZ e Big Cock são exemplos de bandas das quais antes eu achava canções com certa
dificuldade, mas, graças ao Spotify, pude conferir não só os discos que já conhecia, mas outros pedaços maravilhosos de suas discografias.

Até mesmo meu caro Jack Johnson tinha lá alguns trabalhos que eu não tinha conhecido. Nomes brasileiros como Tim Maia, Jorge Ben e Novos Baianos também foram muito explorados pela minha sede de música boa e, por meio da ferramenta, descobri várias canções e álbuns que eu nunca tinha tido a oportunidade de ouvir e talvez nunca tivesse acesso, não fosse por ali.

Nem tudo são flores no Spotify, porém. Nos 3 meses em que degustei o produto não foram raros os casos em que não encontrei uma canção específica. Acredito que eu seja exceção e não regra no público do Spotify. As pessoas o assinam para ter música boa à mão de forma fácil e rápida. Não à toa há dezenas de listas prontas que fazem muito sucesso. Raros são os usuários que buscam uma música em especial. Mas é o meu caso e, vez ou outra, me vi nessa situação de ter que fechar o programa e recorrer ao bom e velho Youtube ou ainda ao meu bom e velho HD para ouvir uma pérola que, por algum motivo, não estava no Spotify.

E foi assim que me senti ouvindo uma música não tão boa no Spotify.

Outra reação curiosa que desenvolvi enquanto mergulhava no oceano musical do programa foi que passei a me tornar mais impaciente.

Por anos fui acostumado à ouvir discos inteiros. Quando quero ouvir uma artista, normalmente quero ouvir um álbum dele e não apenas uma música. É um hábito velho de quem ouve muito CD. Com a abundância do Spotify, porém, me tornei menos paciente, mesmo com as melhores bandas. Enquanto ouvia um disco, bastava uma canção não tão boa para, ao invés de esperá-la terminar ou pulá-la e continuar com o álbum como sempre fiz, eu passava a mudar de artista. Me irritava facilmente com canções mediana e ia da água para o vinho com facilidade. Bastava digitar o nome de uma nova banda e, pronto, a trilha estava renovada.

Isso não torna o Spotify uma experiência melhor ou pior do que ouvir um álbum no aparelho de som. É apenas uma característica da ferramenta. Com tanto à disposição você não quer perder tempo com algo na média. Você só quer o filet mignon. A sempre presente lista de 5 mais tocadas de cada artista ilustra bem o ponto. Oferecer acesso a milhões de músicas é apenas um chamariz. O produto real que o Spotify vende é que lá você vai ouvir as músicas mais populares, as modinhas da vez e as clássicas de todos os tempos. Raros são os que irão mais à fundo do que a primeira camada do Spotify. Uma pena, pois, como relatei acima, há muito ali à ser encontrado e desfrutado.

CDs. Um amor difícil de matar, pelo menos no meu caso.

Ao fim do período promocional pensei muito se devia ou não manter a assinatura, agora pelos padronizados R$19,00 ao mês. O preço de 1 CD por mês. Confesso que fiquei tentado, mas no fim das contas, acho que ainda prefiro 1 CD novo por mês. Pode ser um hábito velho, mas é uma rotina da qual gosto. Ouvir o disco inteiro. De ponta a ponta. Ler seu encarte. Ver as fotos do grupo tão cuidadosamente tiradas. Conhecer cada detalhe do trabalho daquela banda que tanto aprecio. Ouvir as canções que ninguém sequer vai chegar a ouvir, mesmo elas estando lá, disponíveis no Spotify e implorando por uma audição. E quem disse que preciso pular uma faixa ruim? O álbum é um trabalho completo e, mesmo ruim, aquela faixa merece pelo menos uma audição. Talvez eu descubra, umas 5 escutadas depois, que ela não era assim tão ruim. Cansei de constatar isso na vida. Aliás, cansei de constatar como músicas que eu aparentemente não gostava se tornaram minhas preferidas depois de um tempo. É esse o poder do álbum. Como um bom livro ou filme ele não te deixa repetir a história só porque você o assiste pela segunda vez, mas te faz conhecer uma nova história em cada repetição.

Ainda assim, não acredito mais que os álbuns ainda sejam o formato correto para os artistas. Os tempos mudam. Está aí o Netflix e o Spotify para mostrar que a pirataria pode ser amigavelmente substituída pela honestidade. E se o público quer apenas hits, é nos hits que as bandas devem focar. Caso contrário as faixas restantes do álbum estarão fadadas ao desconhecimento eterno num oceano de músicas das quais algumas são certamente boas e outras precisam de uma chance à mais ;)

Documentário sobre a vida de Serguei emociona por sua sinceridade

Serguei, o Anjo Maldito do Rock Brasileiro foi lançado em 2015

Já disse algumas vezes - a última delas nesse texto sobre o Jackie Chan - que quando as coisas são feitas com o coração, o resultado é sempre positivo.

Mais uma prova disso é o filme Serguei, o Anjo Maldito do Rock Brasileiro.

Capa do Documentário. Foto: Divulgação

[SHOW] Limp Bizkit faz viajar e mostra por que é um ícone do New Metal

Show do Limk Bizkit em São Paulo, dia 26/05/2016

Já vivi o suficiente para saber que as experiência mais inesperadas são as mais memoráveis.

É por isso que esse show do Limp Bizkit vai ficar para sempre na minha memória como um show especial.

Freddie Durst no palco do Espaço das Américas. Foto: Denis Ono / Divulgação

[ENTREVISTA] Márcio Baraldi fala sobre o documentário Serguei: O Anjo Maldito do Rock Brasileiro

DVD independente lança luz na carreira do lendário músico do Brasil


Nosso Podcast À Todo Volume está de volta e com força total, dessa vez com uma entrevista muito especial com o cartunista e diretor de cinema Márcio Baraldi, responsável por trazer ao mundo o documentário recém-lançado "Serguei: O Anjo Maldito do Rock Brasileiro" que conta a história cheia de mitos, fatos e muita música boa do Serguei, um dos maiores nomes do Rock nacional. Márcio é, além de cartunista e cineasta, um grande fã de Rock e nessa conversa contou um pouco sobre o processo de criação do filme, curiosidades - algumas muito engraçadas - sobre a carreira do lendário músico e também sobre o Rock de modo geral. Confira a entrevista pelo player ou leia a transcrição adaptada abaixo:

[CONHEÇA] Disco explosivo marca estréia da Gasoline Special

Pedrada atrás de pedrada no ótimo RCK'N'RLL


No meio da 6ª faixa do disco "RCK'N'RLL", o primeiro álbum da banda Gasoline Special, o vocalista Reverendo Andre Bode solta um grito no meio do refrão invocando o nome da banda e, no caso, da canção. É um grito enérgico que traz da entranha do vocalista todo amor pela banda e pelo Rock e eu não via algo do tipo desde que, em Youth Gone Wild, a banda de Sebastian Bach gritava antes do refrão "Skid Row"!

Uma vez na vida

Uma canção para refletir sobre realização pessoal

Talking Heads é uma das geniais bandas underground dos anos 80. Você provavelmente já ouviu no rádio em algum Rock Bar e até deve cantar junto as vocalizações de Psycho Killer, mas talvez não saiba que há diversas canções da banda tão boas quanto essa. É o caso de Once In a Lifetime, do disco "Remain in Light", lançado em 1980. Segue a letra:


O Rock está morrendo e o Roqueiro está assistindo

O que podemos fazer para salvar o maior gênero musical da história


Neil Young disse em uma de suas icônicas canções: "O Rock and Roll nunca vai morrer". Talvez ele estivesse sendo otimista demais ou apenas se referindo ao Rock como uma forma de arte que, como a própria música em si, será de fato imortal por todo seu legado, bandas e canções que fizeram história. Mas falando em termos de Rock and Roll como indústria e produção musical, atualmente acredito mais no Lenny Kravtiz que disse: "Rock and Roll está morto".

[JAM] Este trem está partindo!

Por Raphael Silvério

Há muito tempo recebi o convite para escrever um texto para o blog de meu querido e grande amigo Andarilho. Hoje, no meu 29º aniversário, me senti inspirado para escrever esse texto. Com a minha fome voraz de descobrir bandas atuais com boa qualidade admito que foi difícil escolher qual seria a trilha sonora para a viagem que faríamos. Cheguei à conclusão que seria uma viagem de trem com a banda The Parlor Mob e que cantaríamos juntos que este trem não voltará. Essa é dp disco de 2008: "And You Were a Crow". Segue a letra:


[ESPECIAL] A Tábua de Esmeralda

Reflexões sobre o universo, Deus, alquimia, religião e o melhor disco de Jorge Ben


Um dos mais importantes álbuns brasileiros é, sem dúvida, "A Tábua de Esmeralda", lançado pelo mestre Jorge Ben em 1972. Artistas de praticamente todas as áreas e segmentos, músicos de todas as vertentes, sempre apontam o disco de Ben como uma fonte de inspiração e referência na música nacional. Não é por menos. O trabalho é um divisor de águas na carreira do cantor e compositor carioca, onde Ben, inspirado pela lendária Tábua de Esmeraldas, assumiu de vez seu lado místico-espiritual e passou a dedicar boa parte de suas canções à Deus, ao Cosmo e às suas próprias reflexões sobre o sentido da vida. O disco é tão icônico que merece uma análise mais completa sobre suas canções. Para isso vamos desvendar esse disco passo a passo:

Garoto do Campo

Pessoas que marcam lugares especiais

Todos sabem do meu amor pelas praias e pelo mar. Se fui algum animal em vidas passadas foi provavelmente um peixe, dado meu problema de asfixia que ainda me acomete, caso permaneça muito tempo longe da água. Mas, como vamos amadurecendo como um bom vinho, ultimamente tenho que admitir que o cenário campestre tem me chamado atenção e despertado meu apreço. Boa parte da culpa disso são as pessoas que vivem no campo e no interior, donas de um coração humilde, sorriso rápido e sotaque delicioso. É para essas pessoas que escrevo hoje ao som de ninguém menos que Lynyrd Skynyrd e essa pedrada do disco de 1975, "Nuthin' Fancy". Segue a letra:


[ESPECIAL] As 10 canções mais viajantes da história, de acordo com Músicas de Andarilho

ATENÇÃO: O texto a seguir não representa à Verdade Absoluta do Universo, mas apenas à opinião do Blog. Texto melhor apreciado se acompanhado de uma bela cerveja gelada.

O conceito desde blog, desde sua criação, há mais de 5 anos, foi o de reunir e comentar as canções mais viajantes já gravadas e espalhadas pelo mundo. Há muitas, centenas de milhares de músicas assim: capazes de fazer uma pessoa comum se desprender do tempo e espaço e viajar pelas infinitas dimensões e lugares sem limites da mente. Mas, como sempre, há aquelas canções que se destacam. São as melhores das melhores, o creme de la creme. O topo do ápice do pico da viagem. E aqui estão as 10 canções que fazem parte deste grupo, sem nenhuma ordem específica.

Antes que você pense que esse texto é mais um delírio de um louco e aficionado por música, saiba que as canções aqui selecionadas são fruto de centenas de horas de pesquisa e conversa com os maiores amantes da música que conheci nos bares e nas caminhadas da vida. Em suma, não trata-se do delírio de um louco. E sim de vários loucos. Então, agora relaxe e aproveite a viagem.


[NA ESTRADA] Sem parar o Rock and Roll, seja na Austrália ou no Brasil

A música continua, independente do cenário

Chegou o fim da minha aventura na Austrália. Depois de mais ou menos um ano e meio recheado de trabalho árduo, caminhadas por cenários incríveis sob um calor indescritível ou frio penetrante, é hora de voltar pro outro lado do globo. Não sei ao certo onde vou parar, mas essa é uma das graças da vida: a incerteza de qualquer coisa. Tentar prever o futuro é, como dizem os sábios, pura tolice. É por isso que com esse texto pretendo falar um pouco do passado. Vou jogar um pouco de luz sobre a vida que levei na Austrália, do lado bom e divertido, mas também do lado negro sobre o qual muitos não ousam comentar. A trilha sonora fica por conta da banda mãe australiana: ACDC e seu lema de sempre amor ao Rock and Roll. Faz parte do incrível disco "Stiff Upper Lip", lançado em 1996. Segue a letra:


Ouro de Tolo

Despertando da ilusão da boa vida

Chegou uma hora há muito esperada. O dia em que, pela primeira vez, falarei de um dos maiores nomes do Rock no Brasil. Nome este que eu não sou digno de citar, muito menos comentar à respeito. Mas sou um cara cuja inocência é perdoada pela ousadia de demonstrar um apreço significativo por esse músico e poeta que foi Raul Seixas. Para estrear a viagem sobre o Maluco Beleza, vamos ao som de uma belíssima canção do disco "Krig-Ha, Bandolo", de 1973. Segue a letra:


O Caminho

Andarilhos que são professores e inspiradores

Já conhecia Gypsy Kings "de vista" há algum tempo. Me pareciam simpáticos, mas eu só dava aquele "oi" do outro lado da rua ou um aceno tímido, porém respeitoso, com a cabeça. Há algumas semanas decidi tomar coragem e me apresentar. Dizer à eles quem eu era e perguntar pela vida deles. Não me arrependi, pois conheci bem uma banda excepcional que não só trabalha suas canções com maestria é uma identidade cigana (como sugere o próprio nome da banda) mas também com muita viagem de qualidade. Essa canção faz parte do disco "Mosaique" de 1989. Segue a letra:


Louco

Deus me livre de ser normal

A canção na qual viajaremos hoje é parte importante da trilha sonora da minha vida na Austrália. Ironicamente, assim como os Orishas, a canção é latina e cantada em espanhol. Não posso deixar de sorrir e olhar pra cima ao imaginar como canções geograficamente tão próximas do Brasil só vieram aparecer na minha vida aqui do outro lado do globo. É parte da vasta discografia de Andres Calamaro, músico argentino pouco conhecido no nosso país e, portanto, sua aparição é ainda mais honrosa. O disco que carrega a canção chama-se "Alta Suciedad" e merece uma audição completa. Além de um ótimo ritmo a obra de hoje põe na mesa uma reflexão importante sobre a vida. Me foi apresentado pela minha pequena Alexita e, desde então, não fica uma semana sem ser tocada pelo menos uma vez. Segue a letra:


Dance!

Viva, mesmo que por um único dia, ao estilo Rock and Roll

Mais uma excelente música chegou até mim de forma misteriosa. Copiei de um amigo o disco "Made in the Shade" dos Rolling Stones - compilação lançada em 1975. Na lista de faixas do álbum consta uma belíssima epopeia musical chamada Dance Little Sister que me faz entrar em transe cada vez que a escuto. Quando fui procurar pela letra e vídeo na internet descobri que a música que tanto aprecio sem limites chama-se na verdade apenas Dance, e que a tal Dance Little Sister refere-se à outra canção de outro disco deles ("It's Only Rock and Roll", lançado em 1974) e que, apesar de muito bacana, não é tão contagiante e delirante quanto Dance. Já essa última na verdade chegou ao mundo pelo disco "Emotional Rescue", de 1980. Não sei como a música foi parar no disco que eu estava ouvindo, mas já presenciei muitos milagres para saber que suas notas incríveis não chegaram à mim por mero acaso. Segue a letra: