Mostrando postagens com marcador #Política. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #Política. Mostrar todas as postagens

Associação Livre Invisível: ritmo, amizade, fotografias e protesto

Depois dessa ausência de quase 2 anos aqui no blog, não estranhe, amigo leitor, se eu precisar colocar alguns assuntos em dia.

Não pense que não ouvi e não conheci diversas canções incríveis nesse meio tempo.

Claro que não.

Apenas não escrevi sobre, mas a música boa continuou pulsando dia após dia nos meus ouvidos e coração e me lembrando do quão boa é a vida.

E uma das bandas que acabei me envolvendo até mais do que o normal é a Associação Livre Invisível.

Associação Livre Invisível, em lançamento do disco "Avisos Luminosos". Foto: Felipe Andarilho.

Isso por que sou amigo de infância do guitarrista Cássio Cordeiro.

Não escondo o orgulho de dizer que o conheço há uns 20 anos.

Você pode dizer isso de algum amigo? 20 anos? Tudo bem, que sejam 10... Pode dizer?

Se pode, deve se orgulhar disso também.

Já ouvi de um punhado de pessoas que não é fácil fazer amigos. Mais difícil ainda seria mantê-los.

Entendo o que dizem. Mas, por algum motivo, fui agraciado pelos céus no campo da amizade. Precisaria de mais do que as duas mãos para numerar meus amigos de longa data. E o Cássio é um deles. Um dos mais antigos.

Eu estava lá quando ele ganhou sua primeira guitarra. "Tipo a do George Harrison", ele dizia, orgulhoso. Devia ter uns 12 anos.

Na época eu tinha ganhado uma gaita dos meus pais e assoprava canções fáceis dos Beatles. Nos reuníamos na quadra do prédio para tentar tocar alguma coisa. Não saía nada. As que eu sabia na gaita, ele não sabia os acordes. As que ele conhecia na guitarra eram difíceis demais para eu tocar.

Mas a gente ria. Isso que importa.

Com o tempo, Cássio foi se envolvendo cada vez mais com a música e eu com comunicação e design. Seguíamos nos encontrando ocasionalmente para aquele bom papo e, após uma certa idade, aquela boa cerveja. Foi nesse meio tempo que aconteceu uma das histórias mais divertidas do livro Meditando no Banheiro.

Eu estava lá também, anos depois, quando ele encontrou seu mestre pela primeira vez. Estávamos no Manifesto Bar para curtir um show cover do Deep Purple. O guitarrista era um monstro virtuoso chamado Fernando Piu que certamente não ficava devendo em nada para Ritchie Blackmore.

Cássio viu ele no palco e disse: "Quero ter aula com ele".

Cássio Cordeiro, com a Associação Livre Invisível, em 2019. Foto: Felipe Andarilho.

O cara solava na Pictures of Home e mesclava a microfonia das caixas de som com as notas que fazia com rapidez e precisão, parecendo colher com as mãos as notas que queria no ar. Era realmente impressionante.

- Você nem sabe se ele dá aula - respondi - mas o cara é bom mesmo.

O show acabou e Cássio falou com ele. Se tornou aluno dele. E, com os anos, virou outro monstro virtuoso.

Vi shows do Cássio com diversas bandas nos mais variados Rock Bares de São Paulo. Alguns já nem existem mais.

Há alguns anos, porém, ele me contou, em uma mesa de bar, que estava em uma banda grande. Coisa fina, profissional. Uma Big Band, com metais, percussão e tudo o mais. Estavam gravando um disco, ele disse.

Nessa época eu estava trabalhando com fotógrafo de eventos. Me ofereci para fotografar o show de estréia da banda.

Foi assim que conheci a Associação Livre Invisível.



Que o Cássio era um guitarrista astuto e inspirado eu já sabia. O que eu não sabia é que ele estava agora num time de mestres. A Associação faz um som que bebe do Soul, do Rock, do Hip Hop e de uma outra infinidade de sons brasileiros e latinos. Um trio de metais faz acompanhamentos e solos incríveis nas canções com balanço ora puramente agradável, ora altamente viajantes.

O trabalho do vocalista Didi Monteiro, que também assina as letras do grupo, é outro ponto de destaque. Sua presença de palco é marcante e a técnica vocal ajuda a conduzir com maestria o som recheado do conjunto.

O primeiro show que fotografei deles foi no Sesc Belenzinho, em São Paulo, no lançamento do seu primeiro disco, "Trânsito", de 2019.

Associação Livre Invisível, no Sesc Belenzinho, em 2019. Foto: Felipe Andarilho.

O disco é explosivo e instigante. Logo que o grupo começou as primeiras notas eu soube que estava diante de algo grandioso. Uma explosão violenta de energia dominou o auditório do Sesc. Impossível não se contagiar. Eu queria fotografar, mas ficou difícil me concentrar nas lentes, luzes e configurações. Era muita pulsação. Muita felicidade transbordante.

A harmonia da banda é surpreendente e os duetos entre a guitarra e os metais são arrepiantes com destaque para as canções As Chaves (ouça no player acima), Atitude Suspeita e Vade Retro Baby (player abaixo).

O álbum conta com a participação especial da cantora Kimani, e Danislau da banda Porcas Borboletas (que aparecerá por aqui em breve).

Voltei a fotografá-los em um show na Casa de Cultura Chico Science, no Sacomã, em São Paulo, em que eles tocaram Da Lama Ao Caos na íntegra, além de outros hits da lendária banda Chico Science e Nação Zumbi. Sou fanático pelos 2 discos lançados pelo grupo pernambucano e a execução foi tão poderosa que eu me peguei o evento inteiro fotografando e cantando junto todas as músicas.

Associação Livre Invisível, na Casa de Cultura Chico Science, em 2019. Foto: Felipe Andarilho.

E o evento mais recente que pude captar com minhas lentes foi o lançamento do 2º disco da Associação, em fevereiro de 2020, dessa vez no palco icônico do Centro Cultural São Paulo, que já serviu de cenário para apresentações dos mais lendários nomes da música brasileira. Foi lá que eu conferi esse show do Made in Brazil.

"Avisos Luminosos" chegou embalado no seu antecessor com a mesma pegada poderosa e ritmo delirante, porém com um novo e importante ingrediente: a crítica pesada ao Governo Bolsonaro.

Associação Livre Invisível, no CCSP, em 2020. Foto: Felipe Andarilho.

Não são poucas as alusões ao presidente nos versos. "Arminha na mão, tiro no pé" e "É um falso messias" são exemplos na canção Fim da Porra Toda. A banda ainda abriu o show com uma compilação de frases assombrosas do governante. Não deve ter sido difícil recolher as frases, já que o ocupante do Planalto filtra muito pouco o que passa em sua cabeça, mas o trabalho vale a pena para escancarar o quão estamos desprovidos de um representando com o mínimo de respeito e dignidade.

Kamasutra Alquimista (ouça abaixo), a abertura do disco, começa com um groove envolvente, que se mantém em Gritos, Revolta e Coragem. Harmonia é a palavra-chave. Outro destaque, Hildegard Sampaio Seixas joga os holofotes para o preconceito contra os transsexuais e conta com a participação emocionante de Verônica Valentino.

O final do disco vem com um apoteótico trabalho instrumental após Didi Monteiro anunciar o apocalipse em um monólogo assustador, chamado simplesmente de Anúncio.

Trata-se de um disco rápido, potente e, acima de tudo contundente. A música sempre foi um dos muitos caminhos para o protesto pacífico e a expressão de ideias opostas ao que é considerado como padrão. Quando o protesto é feito com maestria musical e um ritmo empolgante, está montada a combinação perfeita e que cai como uma luva para o momento político atual.

Gritos de alerta não costumam ser agradáveis de ouvir. "Avisos Luminosos" é exceção à regra.

Ouça Kamasutra Alquimista:



Ouça Vade Retro Baby:


Spotfy lança documentário sobre Gabriel, o Pensador

Derrubando Muros, Expandindo Horizontes conta a história do rapper carioca e sua importância como sinônimo de protesto


Poucos artistas no Brasil possuem um nome tão fortemente associado à protesto quanto Gabriel, o Pensador.

Revolução

Vivemos dias de guerra. Mas contra as pessoas erradas.

Não se fala em outro assunto. O Brasil está mais interessante do que a série House of Cards sobre os bastidores do poder na Casa Branca. Seria cômico se não fosse trágico. São tantas manobras, recursos, operações e surpresas que cada dia traz uma nova bomba para as manchetes. Sou um cara relativamente jovem, mas não posso dizer que testemunhei um momento tão delicado para a política brasileira quanto este.

E percebendo a máquina de agressões e julgamentos que se tornam as redes sociais nessas épocas (eleições de 2014 que o diga, que nojo daqueles dias), percebo uma importância em abordar o tema da política e das manifestações populares no nosso País. Corro o risco, como sempre, de ser agredido verbalmente por algum militante virtual, mas quer saber? Que se dane.

Beatles em 1968, ano da Revolução! Foto: Divulgação

2015, um ano de loucuras. Para a música, ótimo. Para a realidade, uma pena!

Balanço do ano mostra um ano virado do avesso. Confira as canções favoritas do blog em 2015 e nos ajude a torcer para que no Ano Novo a loucura continue apenas na música

Mais um ano que acaba. Ao contrário dos anos anteriores, 2015 encerra-se deixando um gosto levemente amargo na boca. Assim como aquele vinho ruim que demora pra ser digerido, vai ser difícil por para baixo o ano de 2015 e há quem diga que as consequências dessa má digestão poderão durar até 2017, talvez mais.

Alabama Shakes, um dos loucos bons de 2015

Contando Estrelas (da Nossa Bandeira)

Um pouco de esperança para o Brasil

O dia de ontem, 15 de Março de 2015 entrou para a história. Foi o dia em que o Brasil saiu nas ruas não para brigar, mas para lutar. Sem erguer a voz ou o braço, pedimos pelo fim da corrupção, pela reforma política e de uma forma ou de outra, por um país melhor e mais justo. Preenchemos as ruas não com destroços, mas com verde e amarelo. E, por uma vez mais, fizemos com que nos ouvissem. Para esse momento tão especial na nossa história, dedico a seguinte canção do One Republic. Segue a letra:


É Pra Rir ou Pra Chorar?

Tá comemorando o quê? Tá chorando por quê?

Ah, as eleições... Ao contrário de qualquer evento cultural ou esportivo que tende a unir as pessoas, do fanático futebolista até o mais cético e ignóbil dos apreciadores como eu próprio, que me dividi ao meio na Copa do Mundo - metade à favor do Brasil, metade contra os gastos absurdos para a realização do evento - as eleições geralmente tendem à fazer o contrário: dividir as pessoas e coloca-las em uma verdadeira guerra verbal (às vezes, infelizmente, armada). A pergunta que faço com esse texto é, como o próprio título da canção do Gabriel o Pensador, por quê? Segue a letra:


[NA ESTRADA] Sem parar o Rock and Roll, seja na Austrália ou no Brasil

A música continua, independente do cenário

Chegou o fim da minha aventura na Austrália. Depois de mais ou menos um ano e meio recheado de trabalho árduo, caminhadas por cenários incríveis sob um calor indescritível ou frio penetrante, é hora de voltar pro outro lado do globo. Não sei ao certo onde vou parar, mas essa é uma das graças da vida: a incerteza de qualquer coisa. Tentar prever o futuro é, como dizem os sábios, pura tolice. É por isso que com esse texto pretendo falar um pouco do passado. Vou jogar um pouco de luz sobre a vida que levei na Austrália, do lado bom e divertido, mas também do lado negro sobre o qual muitos não ousam comentar. A trilha sonora fica por conta da banda mãe australiana: ACDC e seu lema de sempre amor ao Rock and Roll. Faz parte do incrível disco "Stiff Upper Lip", lançado em 1996. Segue a letra:


Brazuca é bom de bola

A Copa das Copas e a Copa Política

O juíz já apitou, a bola está rolando e a Copa do Mundo segue no nosso país em meio à surpresas (Costa Rica batendo no Uruguai e na Inglaterra?), zebras (Espanha primeira eliminada) e muita polêmica envolvendo a organização do evento e o momento poítico que nosso país vive. Devo admitir que mesmo não sendo fã de futebol, a coisa muda na hora da Copa do Mundo. Não assisto as finais do bom e velho Santos, clube para o qual alego torcer, e não sei quem são metade dos jogadores da Seleção atual, mas mesmo assim acompanho todas as Copas com uma curiosa e incoerente paixão. Quando o evento resolveu ser no Brasil, o que parecia o acontecimento perfeito para esse tipo de torcedor acabou dividindo-o ao meio. Para refletir um pouco, vamos ao som do Gabriel, o Pensador, como sempre cutucando nossas feridas com coragem e anseio por mudanças. Essa canção é uma velha obra presente no disco "Nádegas a Declarar", lançado há 15 anos, mas que se revela mais atual do que nunca com a "Copa das Copas" acontecendo em solo brasileiro. Segue a letra:


Candidato Caô-Caô

Pra escapar da política, só em um plano espiritual mais elevado

Logo que cheguei em Perth, há mais ou menos oito meses atrás, ouvi falar de um show bastante interessante para os brasileiros que vivem desse lado do mundo. Tratava-se de um show do Rappa Cover. Infelizmente não pude ir naquela ocasião, mas já consegui comparecer à uma das apresentações dos caras aqui. Eles são realmente bons e me fizeram lembrar do magnífico show do Rappa que vi ano passado. Parando pra pensar é bastante intrigrante saber que há uma banda brasileira cover do Rappa em Perth. No mínimo uma honra para a banda original, eu diria. Poucas bandas - talvez nenhuma - tenha conquistado um feito do tipo. Movido pela energia desses caras, vamos viajar num som do primeiro disco deles, "O Rappa", de 1994. Segue a letra:


Brasa!

Eu tô morrendo de orgulho!

Desde que cheguei na Austrália há mais ou menos 4 meses atrás raras foram as vezes em que quis voltar para casa. Não é que eu não goste do Brasil. Mas a forma como nosso país é governado me incomoda de tal maneira que não faço questão de morar ali mais. Eu tinha perdido as esperanças e lavei minhas mãos. Entretanto na última semana acompanhei de perto todas as manifestações que meus irmãos de pátria realizaram e pela primeira vez senti que gostaria de estar lá e não aqui por um momento. Para viajar na dualidade entre amor e tristeza relacionados à minha casa, escolhi um som do Gabriel, o Pensador que tem muito para dizer. Faz parte do disco "Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo" lançado em 2001. Segue a letra:


Politicalamidade

Somos governados por um zoológico

Faz tempo que minha amiga Viviane me indicou a banda Extreme, do grande guitarrista Nuno Bettencourt. Não conhecia nem a banda e pouco do guitarrista além do famoso nome. Descobri então que o grupo, oriundo de Massachusetts, fazia um dos tipos de sons que mais agradava: aquela famosa mistura de Hard Rock com Funk e Metal, tão difícil de explicar, mas que originou bandas tão queridas como Red Hot Chili Peppets e Living Colour. Essa canção faz parte do disco "III Sides to Every Story", lançado em 1992. Segue a letra:


Estamos vivendo em uma quadrilha acorrentada

A injustiça é um tema bastante intrigante, sobretudo no Brasil, onde tudo é aparentemente ao contrário. Aqui valores como ética e honra valem nada ou muito pouco, ao passo que a ganância e malandragem são vistos como virtudes. O mundo do rock and roll já tratou diversas vezes desse assunto, como mostra o Skid Row, com essa canção excelente, do disco "Slave to the Grind" de 1991. Segue a letra:


Não seremos enganados novamente

Demorei pra conhecer esses caras. "Conhecer" a fundo, por que quem que nunca ouviu falar no Who? É um nome pesado demais pra alguém passar despercebido. Porém há uns 2 anos atrás tive a chance de conhecer melhor o trabalho deles. E que trabalho, diga-se de passagem. Essa aqui é do "Who's Next" de 1971. Segue a letra: