Hoje o dia está muito brasileiro. Brasileiro demais para os padrões normais. Vou usar isso como uma oportunidade rara pra postar algo nacional. Mas não garanto mais depois, caso o Brasil avance na Copa e os dias brasileiros aumentem, pois meu repertório nacional é curto - intencionalmente ;) Comprei esse CD do Skank ano passado, por causa de uma única música chamada "Ali" - mas aos poucos fui viajando cada vez mais em algumas outras, como essa. O CD é o "Maquinarama", de 2000. Segue a letra:
Ela desapareceu
(Rosa/Amaral)
Ela desapareceu como a lua
Que vai por trás das nuvens
E tudo escureceu como na rua
Quando faltam as luzes
Não há ninguém
Nas calçadas
E se não há mais ninguém, é porque
Não há ninguém
Dele se escondeu
Com mil disfarces úteis
Tudo se resolveu na areia
Onde fazem casa os avestruzes
Ou quem
Não pode admitir que tem
Motivos pra viver Por alguém
Ela nunca pareceu
Do tipo que manda flores mortas
Paraíso que escolheu
Muito vivo, mas só por trás das portas
Não há ninguém
Nos jardins
Não há mais clareza, nem meios
Pra esses fins
Escuridão na veia
Com mil disfarces úteis
Tudo se resolveu na areia
Onde fazem casa os avestruzes
Ou quem
Não pode admitir que tem
Motivos pra viver por alguém
Vamos à andança...
Viajar numa música nacional tem suas vantagens e desvantagens. Por ser uma letra muito mais compreensível, nossa mente consegue ir se enfiando nos mais minuciosos versos. Quanto mais poética a letra, mais subjetiva é essa viagem a cada trecho da melodia - e algo que não se pode negar é a poesia excelente das músicas do Skank. As baladas antigas deles possuem um misticismo único, mistura resultante de reflexões sobre a vida, amor e um quê de tristeza. Uma combinação excelente e essa canção traz exatamente isso. Desde quando eu era um jovem andarilho inocente andando por aí, sempre fui com a cara dessa música, porém nunca me dei ao trabalho de ouvi-la do modo certo. De viajar nela. Isso só foi acontecer 9 anos depois, em 2009. O refrão tão conhecido: "Ou quem não pode admitir que tem motivos pra viver por alguém" é bonito sim, mas é muito mais que isso. No começo, após uma introdução revigorante da bateria e dos teclados sobrepondo os acordes de violão suaves, Samuel Rosa começa: "Ela desapareceu, como a lua que vai por trás das nuvens. E tudo escureceu como, na rua, quando faltam as luzes". A música então dá uma virada leve, ajudada por acordes de guitarra ao fundo: "Não há ninguém nas calçadas. E se não há mais ninguém é por quê não há ninguém". Lendo assim pode parecer um verso óbvio, mas a paradinha antes da conclusão mostra a verdade. Rosa diz com desalento esse último "não há ninguém", não como uma constatação, mas dando ênfase ao vazio profundo que prevalesce com a ausência da garota - aquela que desapareceu. Aqui entra uma aceleradinha e uma das estrofes mais interessantes de se ouvir: "Dele se escondeu, com mil disfarces úteis tudo se resolveu na areia, onde fazem casa os avestruzes", já emendando primorosamente o citado refrão: "Eu disse: ou quem não pode admitir que tem motivos pra viver por alguém". "Interessante", eu digo, pois a letra dá margens a interpretações variadas desse trecho. Uma delas é pensar que essa dúvida cruel que carregam as pessoas citadas no refrão é o mesmo poderoso motivo que levam algumas delas a se esconderem das outras, nem que para isso seja preciso afundar a cabeça na areia, como fazem os coitados avestruzes. Vergonha ou medo, não sei dizer - mas que tudo, sim, se resolve na areia é fato. Após a próxima estrofe há uma instrumentação impecável, permeada por mais uma repetição do refrão. Ele poderia repetir o quanto quisesse, pois esse refrão em si já é uma melodia única. Mas ainda vem depois um solinho de guitarra calmo e bonito, acompanhado das já características notas de teclado e o encerramento tranquilo. Se depois dessa canção a triste garota apareceu ou não, não importa mais. O que importa é que ninguém consegue se esconder ao ouvir esses versos ;)
Nunca ouviu?
Não se esconda na areia. Escute:
Ela desapareceu
(Rosa/Amaral)
Ela desapareceu como a lua
Que vai por trás das nuvens
E tudo escureceu como na rua
Quando faltam as luzes
Não há ninguém
Nas calçadas
E se não há mais ninguém, é porque
Não há ninguém
Dele se escondeu
Com mil disfarces úteis
Tudo se resolveu na areia
Onde fazem casa os avestruzes
Ou quem
Não pode admitir que tem
Motivos pra viver Por alguém
Ela nunca pareceu
Do tipo que manda flores mortas
Paraíso que escolheu
Muito vivo, mas só por trás das portas
Não há ninguém
Nos jardins
Não há mais clareza, nem meios
Pra esses fins
Escuridão na veia
Com mil disfarces úteis
Tudo se resolveu na areia
Onde fazem casa os avestruzes
Ou quem
Não pode admitir que tem
Motivos pra viver por alguém
Vamos à andança...
Viajar numa música nacional tem suas vantagens e desvantagens. Por ser uma letra muito mais compreensível, nossa mente consegue ir se enfiando nos mais minuciosos versos. Quanto mais poética a letra, mais subjetiva é essa viagem a cada trecho da melodia - e algo que não se pode negar é a poesia excelente das músicas do Skank. As baladas antigas deles possuem um misticismo único, mistura resultante de reflexões sobre a vida, amor e um quê de tristeza. Uma combinação excelente e essa canção traz exatamente isso. Desde quando eu era um jovem andarilho inocente andando por aí, sempre fui com a cara dessa música, porém nunca me dei ao trabalho de ouvi-la do modo certo. De viajar nela. Isso só foi acontecer 9 anos depois, em 2009. O refrão tão conhecido: "Ou quem não pode admitir que tem motivos pra viver por alguém" é bonito sim, mas é muito mais que isso. No começo, após uma introdução revigorante da bateria e dos teclados sobrepondo os acordes de violão suaves, Samuel Rosa começa: "Ela desapareceu, como a lua que vai por trás das nuvens. E tudo escureceu como, na rua, quando faltam as luzes". A música então dá uma virada leve, ajudada por acordes de guitarra ao fundo: "Não há ninguém nas calçadas. E se não há mais ninguém é por quê não há ninguém". Lendo assim pode parecer um verso óbvio, mas a paradinha antes da conclusão mostra a verdade. Rosa diz com desalento esse último "não há ninguém", não como uma constatação, mas dando ênfase ao vazio profundo que prevalesce com a ausência da garota - aquela que desapareceu. Aqui entra uma aceleradinha e uma das estrofes mais interessantes de se ouvir: "Dele se escondeu, com mil disfarces úteis tudo se resolveu na areia, onde fazem casa os avestruzes", já emendando primorosamente o citado refrão: "Eu disse: ou quem não pode admitir que tem motivos pra viver por alguém". "Interessante", eu digo, pois a letra dá margens a interpretações variadas desse trecho. Uma delas é pensar que essa dúvida cruel que carregam as pessoas citadas no refrão é o mesmo poderoso motivo que levam algumas delas a se esconderem das outras, nem que para isso seja preciso afundar a cabeça na areia, como fazem os coitados avestruzes. Vergonha ou medo, não sei dizer - mas que tudo, sim, se resolve na areia é fato. Após a próxima estrofe há uma instrumentação impecável, permeada por mais uma repetição do refrão. Ele poderia repetir o quanto quisesse, pois esse refrão em si já é uma melodia única. Mas ainda vem depois um solinho de guitarra calmo e bonito, acompanhado das já características notas de teclado e o encerramento tranquilo. Se depois dessa canção a triste garota apareceu ou não, não importa mais. O que importa é que ninguém consegue se esconder ao ouvir esses versos ;)
Nunca ouviu?
Não se esconda na areia. Escute:
Comentários
Mas, como tudo na vida isso é uma questão de gostos e essa é minha humilde opinião ;)
Beijos!