Rua da Fascinação

Também conhecida como Rua Augusta e fica em São Paulo

Tenho que admitir que conheci a fundo The Cure por meio de um disco Remixado, o famoso "Mixed Up", lançado em 1990. Porém, diferente do que costumam fazer com esse tipo de trabalho, aqui a mixagem é suave, quase imperceptível e, em nenhum momento, sobrepõe o trabalho da banda. Pelo contrário, "Mixed Up", colabora em muito com o clima hipnotizante e - por quê não - fascinante do The Cure, aumentando o tempo das canções com momentos lounge e ampliando os riffs e batidas tão marcantes do grupo. A canção de hoje foi originalmente lançada no disco "Disintegration", de 1989, mas tomei a liberdade de lhes trazer a versão mixada. Tenho certeza que a diferença será positiva, mesmo para os mais fãs do Rock. Segue a letra:




Fascination Street
(Smith)

Oh it's opening time
Down on Fascination Street
So let's cut the conversation
And get out for a bit

Because I feel it all fading and paling
And I'm begging
To drag you down with me
To kick the last nail in

Yeah! I like you in that
Like I like you to scream
But if you open your mouth
Then I can't be responsible
For quite what goes in
Or to care what comes out

So just pull on your hair
Just pull on your pout
And let's move to the beat
Like we know that it's over

If you slip going under
Slip over my shoulder
So just pull on your face
Just pull on your feet

And let's hit opening time
Down on Fascination Street

So pull on your hair
Pull on your pout
Cut the conversation
Just open your mouth
Pull on your face
Pull on your feet

And let's hit opening time
Down on Fascination Street

Vamos à andança...

The Cure é uma banda totalmente underground. Pare pra pensar num grupo que agrade um público mais alternativo e, ao mesmo tempo, faça um som viajante e não tanto comercial e certamente você se lembrará de Robert Smith, seu cabelo bizarro e sua banda inglesa. Confesso que nunca fui tão adepto desse tipo de som, mas como tudo na vida, há momentos e momentos. The Cure me pegou pela sua capacidade de criar ambientes surreais inteiros em suas canções, algo que poucas bandas conseguem. Depeche Mode, outra banda oitentista, faz parte do mesmo grupo. Mas diferente do grupo de Dave Gahan que priorizava um experimental mais eletrônico, o Cure apreciava mais os bons e velhos instrumentos do Rock and Roll. Fascination Street nos mostra como uma banda pode criar um clima sombrio, alternativo e provocantemente misterioso utilizando uma linha de baixo forte, uma bateria marcante e um jogo de teclados e guitarra tão fascinante como o título da canção poderia sugerir. O teclado de Simon Gallup traz uma levada singela em suas notas, enquanto a guitarra de Porl Thompson sai atravessando tudo com um riff majestoso e cheio de efeitos. A versão mixada extendida mantém essa introdução inebriante por alguns minutos que chegam a parecer horas, tantos os lugares para onde conduzem sua mente. O misto de medo e deslumbre presente no balanço e na letra sobre a tal rua é difícil de ser explicado. Se você morar em São Paulo, talvez consiga entender sem precisar ler textos exageradamente redigidos. Pois nessa cidade existe de fato uma Rua da Fascinação. Seu nome popular é Rua Augusta e se você um dia tiver a oportunidade de caminhar por ela na noite de uma sexta-feira, sentirá exatamente o que o The Cure quis expressar em sua canção. Na Rua Augusta tudo é diferente. Não um diferente ruim, mas sim curioso. Enquanto anda pelas calçadas cinzentas, você adquire cultura, seja em frente à uma galeria, seja em frente a um puteiro; seja sentado num boteco cheio de jovens, seja desviando dos mendigos que fazem dali sua agitada morada. Fato é que quem frequenta a Rua Augusta costuma ser diferente, inteligente. Possui a mente aberta e aprecia uma boa conversa. Há casas noturnas na Rua da Fascinação Paulista, cheias de músicas dos anos 80, cores e colagens nas paredes, e é melhor que você entre em alguma delas antes que o metrô feche, ou tudo poderá acontecer do lado de fora. Ali é um lugar místico. Há quem ame e há quem odeie. Mas quem anda por ali uma única vez nunca mais se sente o mesmo. Para o bem ou para o mal, a Rua Augusta sempre será a Rua da Fascinação ;)

Nunca ouviu?

Adentre pelas calçadas cheias de latas de cerveja vazia. Escute:

Comentários

Danusa disse…
Ain q saudade eu sinto do meu quintal...eu fui pega pela fascinação da Augusta!

Era meu canto favorito..qdo não tinha nada pra fazer ..eu ia pra Augusta..sempre acontecia alguma coisa!!!

Um dia volto a brincar nesse quintal!
Andarilho disse…
Falou tudo: sempre acontece algo na Augusta. Lugar sensacional! Vai brincar lá sim, que sempre tem lugar, hahaha... Beijao, obrigado pelo comentário.