[SHOW] A palavra "amor"

Show do Beatles 4 Ever dia 16/04/2011 na Virada Cultural

Após o espetacular show do U2, li um texto muito bacana de Bruno Medina em que o jornalista apresenta uma visão diferente sobre espetáculos tão majestosos quanto o do quarteto irlandês. Na análise, Bruno defende shows mais "particulares" onde os astros estão mais próximos do público e não num show ensaiado e engessado, praticamente igual o DVD ou qualquer show da turnê. Concordo com a visão dele, mesmo tendo apreciado imensamente o show do U2. Não há nada que se compare a um show que você sabe que será único - pra você e pro artista. E aqui entra o paradoxo dos shows do Beatles 4 Ever na virada Cultural, onde um dos maiores covers de Beatles do mundo prometia tocar todos os discos do FabFour na íntegra, em quase 24 horas de espetáculo, na Virada Cultural de São Paulo. Tive o privilégio de acompanhar quatro dos shows, de "Beatles for Sale" a "Revolver" com meu amigo Silver. A viagem maior, claro, foi com "Rubber Soul", de 1965, com a qual ilustro o texto. Segue a letra:




The Word
(Lennon / McCartney)

Say the word and you'll be free
Say the word and be like me
Say the word I'm thinking of
Have you heard the word is love?
It's so fine, It's sunshine
It's the word, love
In the beginning I misunderstood
But now I've got it, the word is good

Spread the word and you'll be free
Spread the word and be like be
Spread the work I'm thinking of
Have you heard the word is love?
It's so fine, It's sunshine
It's the word, love
Every where I go I hear it said
In the good and bad books that I have read

Give the word a chance to say
That the word is just the way
It's the word I'm thinking of
And the only word is love
It's so fine, It's sunshine
It's the word, love
Now that I know what I feel must be right
I'm here to show everybody the light

Say the word and you'll be free
Say the word and be like me
Say the word I'm thinking of
Have you heard the word is love?
It's so fine, It's sunshine
It's the word, love

Vamos à andança...

Pensar num show em que os artistas prometem tocar um disco na íntegra cai justamente no citado "Efeito U2" onde o espetáculo se torna um gigantesco teatro sem qualquer possibilidade do fã ver algo único para aquele show. Isso não desmerece o U2 de forma alguma. Eles emocionam e sempre vão emocionar com qualquer show, por mais distante que estejam dos fãs. Mas o fato é que, falando de Beatles, um show programado como de um CD é exatamente o que um beatlemaníaco sempre sonhou. É verdade. No auge da Beatlemania em 1963 e 1964, os Beatles faziam milhares de shows por ano, porém todos as apresentações traziam sempre as mesmas músicas que estavam estourando nas rádios, mesmo com a banda já indo pra caminhos muito mais criativos e particulares como mostrou-se em "Help!". Qualquer registro de show dos Beatles é pouco atrativo pra um Beatlemaníaco. Não há novidade. As músicas tocadas são as menos preferidas do fã, afinal, as canções Lado-B e as mais viajantes nunca seriam tocadas ao vivo - um dos fatos que os levou a abandonarem de vez as apresentações. Tudo fica por conta do álbum. Ouvir um disco intero dos Beatles é não só agradável para um fã, como também chega a ser necessário. A composição, a ordem das faixas, as letras, tudo isso faz parte da "obra-beatle". Quando esses fãs têm a chance de ouvir um disco inteiro ao vivo, é o maior presente que eles poderiam receber. Ouvir quatro discos dos Beatles, ao vivo foi no mínimo emocionante. Canções que eu jamais ouviria num show - mesmo que vivesse na Inglaterra na década de 60 - como What You're Doing, Another Girl, You Won't See Me e I'm Only Sleeping foram reencarnadas pelos Beatle 4 Ever de forma maestral. Um presente sem igual para qualquer fã, proporcionado por uma banda de competência altíssima. Os caras não só sabem tocar todas - sim, todas - as mais de 300 canções dos Beatles com maestria, como capricham nos pequenos detalhes, como a troca de instrumentos para cada canção, os vocais certos em cada faixa (até o baterista Ricardo Felício canta as músicas de Ringo), o carisma de Fabio Colombini imitando perfeitamente um John Lennon no palco e até o baixo invertido de Paul McCartney nas mãos do cover Ricardo Junior. O destaque maior fica para Marcos Rampazzo que encarou até mesmo a cítara que George Harrison usou em algumas canções. Coisa pra poucos. Já vi muitos covers bons de Beatles, mas nunca um cover tão caprichado e atento a qualquer minuciosidade da banda. A energia boa dos quatro é tão presente que cai como uma luva em canções como The Word. Nela, John conta que encontrou a luz e nos dá a dica de como atingir seu grau de satisfação com apenas uma palavra: "Diga a palavra e você será livre. Diga a palavra e você será como eu. Diga a palavra que estou pensando. Você já ouviu a palavra 'amor'? É tão bom, é o sol brilhando". Em um dos versos marcados por um balanço empolgante John sintetiza: "Agora que eu sei eu me sinto muito melhor. Estou aqui pra mostrar à todos a luz". Creio que ele conseguiu. E com um cover tão bom quanto Beatle 4 Ever, John Lennon pode ficar tranquilo, que sua mensagem será transmitida com toda a positividade necessária ;)

Nunca ouviu?

Estou aqui pra te mostrar a luz. Escute:

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