Carolina Zingler e Nuvem, um presente para andarilhos da cidade

Um fim de tarde frio, tão estranho para a primavera, mas bastante comum para o clima alucinado de São Paulo.

A Avenida Paulista, inevitavelmente cheia como todo santo dia desde sabe-se lá quando, servia de cenário para uma caminhada após o trabalho. Eu com minha esposa íamos andando e conversando. Sem pressa, afinal era sexta-feira. Estávamos só começando a sentir o gosto da liberdade do fim de semana.

No meio da Avenida Paulista, a Esquina do Jazz. Foto: Felipe Andarilho / Divulgação


Aqui e ali, músicos de rua faziam suas apresentações para transeuntes dispostos a escapar um pouco do automatismo rotineiro e escutá-los.

Haviam atrações para todos os gostos: rock, blues, pop. Bastava escolher a que mais te agradava e ficar ali, curtindo o anoitecer. Ou você podia simplesmente continuar andando, ouvindo a mistura de canções que serviam de trilha sonora momentânea.

Foi assim que, caminhando um pouco, encontramos a Esquina do Jazz.

Lá estava ela, Carolina Zingler e sua banda Nuvem.

Eu já tinha escutado falar nela.

Da primeira vez um amigo contou como havia se surpreendido com a qualidade musical do grupo. Comprou um CD e me mostrou fotos da banda e do álbum. "Olha a qualidade do encarte", ele frisava.

Na segunda vez, outro amigo me disse que havia visto a cantora no programa do Jô Soares. Em seguida me enviou o link para ouvir seu disco "Birds Flying High". Ali pude perceber o alto nível musical da artista. Da seleção de canções (covers que iam de Nina Simome à Charles Chaplin) até a musicalidade em si com uma instrumentação impecável para acompanhar a voz suave e afinadíssima da cantora.

Carolina Zingler. Foto: Divulgação

Foi por isso que parei ali.

Agradecido com mais um presente da vida, quis conferir ao vivo a beleza daquele momento.

Eu estava em São Paulo, no meio da rua, com a noite chegando preguiçosamente. E estava ouvindo um jazz.

Um jazz do bom.

Bem feito.

Bem tocado e majestosamente cantado. Acompanhando Carolina, seu violão e sua voz maravilhosa, uma garota fazia uma excelente percussão sentada numa caixa e um rapaz tocava baixo, ligeiro e potente. Três pessoas. Era suficiente. Os três, num entrosamento raro e bonito, preenchiam o ar gelado com o charme e a suavidade que só o jazz tem.

Logo um pequeno público se formou em volta da "Esquina". Entre cada canção, a vocalista agradecia a presença e explicava sobre o próximo número. E lá vinha ele: mais uma obra de arte. Mais um momento especial e único.

Gigantes na noite. Um trio fazendo música boa. Foto: Felipe Andarilho / Divulgação

Ficamos ali não se quanto tempo. Talvez meia hora ou meia dúzia de canções. O suficiente para enchermos nossas almas de uma tranquilidade e alegria raras. A vida era boa, afinal. Havia música. Música boa. E enquanto houvessem músicos como Carolina Zingler e Nuvem nas ruas, haveria esperança.

Se você, andarilho da cidade, tiver a sorte de encontrar a Esquina do Jazz em alguma de suas caminhadas, deixo aqui um conselho amigo: pare e escute um pouco. Mesmo que seja uma só canção. Será suficiente para sair dali mais vivo, mais satisfeito e mais pronto para curtir a vida em seus detalhes ;)

Confira o disco do grupo na íntegra:

Comentários