O inspirador blues brasileiro de Gustavo Andrade

Nunca consegui me afastar por muito tempo de um blues.

Tem momentos que eu me enveredo pela MPB.

Ocasiões em que eu me perco nos ritmos latinos do momento.

Mas nunca consigo me afastar por muito tempo de um bom blues.

Não dá.

É como diz o Made in Brazil: "Não consigo ficar triste. O Blues levanta o astral".



E por falar em Brazil, já faz um tempo que meu player tem andado enfeitiçado pelo blues do brasileiro Gustavo Andrade.

Conheci o som dele por acaso - se é que isso existe - enquanto montava uma Playlist dedicada ao Blues Brasileiro no Spotify.

Comecei pelos nomes que eu conhecia: Fernando Noronha, Nuno Mindelis, Blues Etílicos, Irmandade do Blues, Igor Prado.

Quando fui atingindo os limites do meu parco conhecimento, comecei a fazer o que os colecionadores fazem melhor: cruzar informações. Esse é ainda um dos melhores jeitos de descobrir boas bandas e sons. Já era fácil fazer isso na época dos LPs e CDs. Era só ler os nomes dos músicos da banda e pesquisas sobre eles para descobrir uma infinidade de outras bandas tão excelentes quanto aquela que serviu de ponto de partida.

Com o Spotify a coisa ficou fácil a ponto de parecer ridículo.

Com literalmente um clique, saí então do mestre da gaita Jeferson Gonçalves e cheguei a um disco chamado Explosion Blues, no qual os vocais pertenciam a um cara de timbre manso e estiloso. Gostei de cara: era o Gustavo.



Fui mais a fundo e descobri que o músico é um veterano da cena do blues nacional. Uma daquelas pérolas tão próximas e tão distantes que faz com que um texto introduzindo-o soe um tanto quanto contraditório e estranhamente real na nossa cultura.

Recentemente foi às Lives do Instagram um projeto chamado 1º Festival Internacional de Música em Casa. Como muitos que estão aparecendo o evento virtual buscou aproximar músicos de seus fãs em momentos de confinamento e isolamento social. Um alívio e tanto para a alma. Muito bem vindo, o evento pegou pesado nos músicos de blues que, em shows de 30 minutos cada, preencheram todo o fim de semana dos dias 28 e 29 de março.

Nem preciso dizer que corri a ver o Gustavo Andrade e não me decepcionei. Ali estava o cara carismático de voz ligeiramente rouca e riffs impressionantes na guitarra.

Uma de suas maiores obras (e a principal a repetir no meu player) chama-se Playing My Blues e, para minha sorte, foi tocada no pequeno show, rendendo um momento de pura viagem e alegria, capaz de nos fazer esquecer - ao menos por alguns minutos - de tanta tragédia à nossa volta. Se lá fora o coronavírus aterrorizava o mundo e nos deixava ansiosos e preocupados com relação ao futuro, ao menos em meio àquele riff lento, pesado e triste como só um bom blues pode fazer, toda angústia deu lugar à esperança e toda tristeza virou a mais pura e revigorante alegria de viver.

O vírus mata, mas o blues salva. Sempre salva.

Confira aí Playing My Blues:


Comentários

Solange disse…
Fantástico!!! Único !! Parabéns!!!