O som do silêncio

Poder sonoro celebrado pelo silêncio

Para começar bem a semana (desejem-me sorte, por favor), trago hoje um som que, certamente, fará você dormir melhor hoje e, quem sabe, te dará um belo sonho tendo como trilha sonora o folk dessa dupla excelente. Esse é o hit máximo de Simon & Garfunkel, dupla de folk muito conceituada nos anos 60 e que, conseguiu, em poesia e música, exprimir o verdadeiro "Som do Silêncio". Faz parte do disco de mesmo nome, datado em 1966. Segue a letra:




The Sound Of Silence
(Simon/Garfunkel)

Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
'Neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence.

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
People hearing without listening,
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence.

"Fools" said I, "You do not know"
Silence like a cancer grows.
Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you."
But my words like silent raindrops fell,
And echoed
In the wells of silence

And the people bowed and prayed
To the neon god they made.
And the sign flashed out its warning,
In the words that it was forming.
And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls."
And whisper'd in the sounds of silence.

Vamos à andança...

É... Nem só de Beatles foram os anos 60. Quem diria que no mesmo ano do lançamento do disco "Revolver", uma singela dupla atingiria o pico das paradas americanas com a enigmática canção The Sound of Silence. Ouvindo ela atentamente, é de se perceber que estamos diante de algo além de seu tempo. É fácil distinguir uma legítima obra-prima quando ouvimos uma. E aqui está um caso. Por exemplo, assista o maravilhoso filme Watchmen. A trilha sonora possui diversas músicas excelentes. Porém quando começa Sound of Silence, somos pegos em cheio. Não há pra onde escapar. A música é um verdadeiro nocaute, mesmo com as vozes suaves e quase sussurrantes de Paul Simon e Art Garfunkel. Eles começam de imediato: "Olá escuridão, minha velha amiga. Eu vim para falar com você de novo". Esse começo é sombrio, pode até passar um certo medo. Mas não aquele medo de coisas horríveis, monstros e sangue. É o tipo de medo que acompanha um sonho estranho, porém ainda assim convidativo e curioso. Você teme se entregar e investigar as ilusões surreais que ali se projetam, mas não resiste e acaba viajando. É exatamente isso nessa canção. E como num sonho, o narrador adentra um mundo inicialmente conversando com a escuridão e depois descrevendo "ruas estreitas" e "iluminadas por uma pequena lamparina". Nesse lugar ele encontra "dez mil pessoas, talvez mais" que misticamente conversavam sem falar e ouviam sem escutar. Tudo para não estragar o inexorável som do silêncio. A instrumentação - basicamente uma guitarra e uma bateria - vão crescendo de forma sensacional, desde a primeira estrofe. Acompanhando as vozes da dupla de perto, logo elas aceleram, dando ainda mais profundidade à essa poesia tão bela. De fato, um sonho cantado; uma obra-prima que mostra que, se o silêncio tem um som, só pode ser este ;)

Nunca ouviu?

Fique em silêncio por 5 segundos, depois dê o play. Escute:

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