Deixe os dominós caírem

Resignação é a chave

É bom quando nossas bandas preferidas continuam lançando discos excepcionais, mesmo depois depois de anos e anos na estrada. É o caso de "Wasting Light" dos Foo Fighters e de "I'm With You" do Red Hot. Mesmo lançado já há 3 anos, é também o caso de "Let the Domoninoes Fall" do Rancid. O último disco da banda californiana é um de seus trabalhos mais instigantes e vigorosos, provando que, como as bandas citadas anteriormente, o Rancid ainda tem fôlego pra muita música boa. Essa é a faixa título. Segue a letra:




Dominoes Fall
(Armstrong)

Hey ho, let the bombs blow
Let the dominoes fall
I ain't got control
I ain't got control

No control of destiny
Wake me up to reality
I can just see Anarchy
And there ain't no telling
who's in charge here

Hey ho, let the bombs blow
Let the dominoes fall
I ain't got control
I ain't got control

Dead men they tell no tales
Satan finally broke out of hell
and everybody's got
Something to sell
cause there ain't no good
that I can see here

Hey ho, let the bombs blow
Let the dominoes fall
I ain't got control
I ain't got control

People going crazy
Situation Code red
and the whole worlds
Out of control
The walls and the fences
are being torn down
And the bodies of the murdered
are getting cold
Wild dogs gone mad
smell the blood of their own kill
The weakest of the pack
Nothing is the way
that it seems around here
Very clear its a very deadly trap

Let the dominoes fall
I ain't got control
I ain't got control

Vamos à andança...

A frase que mais chama a atenção nessa canção é: "I ain't got control". Seguida pela frase título, a composição dos versos fica assim: "Deixe os dominós caírem, eu não tenho controle". Essa alegre constatação na voz de Tim Armstrong e nos backing vocals de seus comparsas merece uma reflexão. O ritmo feliz do ska da banda acompanha toda a resignação que o lema sugere. "Deixe os dominós caírem", deixe as coisas acontecerem. Não lute contra o destino. Um mestre uma vez disse: coisas aparentemente boas e más nos acontecem a todo instante ao que costumamos reagir positivamente ou negativamente, mas se você parar e analisar as coisas com um foco maior - não apenas no instante em que elas ocorrem, pode descobrir que vale muito mais a pena agir com estoicismo do que se revoltar com as forças do destino. Há uma história interessante que diz que um garoto um dia encontrou um belo cavalo selvagem. Parecia sorte, mas o cavalo deu um coice no menino e quebrou sua perna. Parecia azar, mas o exército que estava recrutando soldados pra guerra não pôde levar o jovem, pois ele estava enfermo. Sorte ou azar - Quem pode dizer? Cada ação tem milhares de consequências, boas e ruins. Então pra quê esquentar a cabeça? Aceite que não tem controle sobre a vida e o mundo e "deixe os dominós caírem". Pensando assim a canção fica ainda mais inspiradora. Ouvir os rápidos "Na na na na na I ain't got control" soam ainda mais divertidos. Em termos instrumentais, a canção tem o mesmo alto nível da lição que quer passar: um baixo tocado de forma alienígena por Matt Freeman e a guitarra sempre ligeira e enérgica de Lars Frederiksen. Se a letra pode sugerir uma resignação com tons anárquicos aparentes em versos como "Deixe as bombas explodirem" e "Pessoas ficando loucas", isso só serve pra exagerar a sensação de impotência diante do destino implacável. Quando estiver preocupado com uma conta atrasada, com o atraso na entrevista e em como o mundo tem sido cruel com você, ouça Rancid e dê risada do absurdo que é imaginar ser possível controlar os desígnios universais ;)

Nunca ouviu?

Deixa o player tocar. Escute:

Comentários