Tango (eletrônico), Rock e vinho
Não conheço (ainda) muitos países desse globo tão grande e bonito, mas considero-me afortunado por ter tido a chance de viver em outro país por um tempo. Morei na Austrália, exatamente no outro extremo da Terra e, na época que peguei o avião em direção à terra do ACDC, aquela foi minha primeira viagem internacional.
É uma experiência interessante agora, depois de uma volta ao mundo, ter a chance de visitar um país vizinho tão próximo e tão popular entre nós brasileiros como é a Argentina.
Sempre tive a curiosidade inata daquele que aprecia viajar. Posso ir para uma cidadezinha do interior passar o fim de semana com a mesma alegria ingênua de quem vai passar um mês na Europa. Mas a Argentina me atraia não só pelo preço bom que nós brasileiros (normalmente) pagamos para ir até lá, mas também pelo lado musical. Afinal é de lá quem vem o Bajofondo, banda da qual sou fã desde uma antiga viagem à Bauru.
E assim fui nessa aventura rápida, porém intensa na terra do Maradona. Logo de cara, me surpreendi com a beleza e organização de Buenos Aires e seus parques abertos e elegantes. Me perdi propositalmente nas ruas e galerias do centro e me deslumbrei com os prédios históricos daquela cidade tão charmosa, porém de aspecto tão antigo.
Tomei umas Quilmes no Caminito, comi empanadas, e experimentei os famosos - e realmente deliciosos - bifes Chorizo, sem falar nos vinhos ótimos mais baratos do que água (sem brincadeira).
Mas o que mais me surpreendeu no país dos hermanos foi o amor ao Tango. Carlos Gardel, representante nacional do estilo musical está presente em praticamente toda a cidade em estátuas que retratam o sorriso simpático do cantor.
Entendo tanto de Tango quanto um golfinho entende de astrofísica, mas enquanto passeava pelas ruas movimentadas e limpas - muito limpas - de Buenos Aires ficou fácil aprender pelo menos o mínimo para me apaixonar pelo ritmo que nasceu no Rio de la Plata. Em todos os cantos que se vai, o tango está vivo, pulsando no ar com suas notas melancólicas ou iluminando a paisagem na fachada de algum bar. Uma caminhada na rua certa pode te trazer, de repente, um espetáculo ao vivo e nas cores preto e vermelho com um casal dançando como somente dois amantes de corpo e alma podem fazer.
Os shows de Tango fazem da noite dos turistas algo inesquecível. Fui num que se chama Esquina de Homero Manzi, em homenagem ao lendário escritor de canções que assinou dezenas dos tangos que compõe a trilha sonora de Buenos Aires. É um passeio caro, mas vale cada centavo e, se eu pudesse, teria ido duas vezes. Afinal, tão cedo não voltarei a presenciar casais dançando de forma tão leve e sedutora que pareciam estar caminhando dentro da mente um do outro, sem falar no par de cantores que nos fazia arrepiar até os cílios com suas vozes poderosas.
Essa clássica foi uma que eles cantaram:
Como fã do Bajofondo, eu suspeitava que o grupo poderia sofrer algum tipo de repúdio por parte do povo que tanto aprecia o tango já que os caras pegam a música antiga e sagrada do local e a transformam numa batida viajante e entorpecedora com efeitos e mixes que os jovens tanto apreciam. Jovens e Velhos não costumam conviver em paz, pelo menos não aqui no Brasil. Entretanto suspirei aliviado quando descobri - mais uma vez no meio da rua, bisbilhotando as lojas de CDs - que o pessoal aprecia o Bajofondo tanto quanto eu. Cristal é uma canção que irá te conduzir pela apaixonante atmosfera porteña.
E, como eles, o Gotan Project, outra banda sensacional de Tango Eletrônico, também conquistou o respeito dos ouvintes.
Além do Bajofondo e do Gotan Project, descobri outra banda da mesma linha, o Tanghetto, tocando numa caixa de som bastante alta no meio da Feira de San Telmo, na barraca de um senhor que vendia CDs e LPs. Quis comprar o disco que tocava, mas como é de praxe em qualquer viagem, o orçamento era limitado e já estava perto do fim, me deixando apenas a saudade e o nome da banda para ser caçado no Youtube:
Mas nem só de tango vive o Argetino. Não mesmo. o Rock and Roll também tem um espaço de destaque na trilha sonora local. Graças à esse post do blog Alta Felicidade, pude encontrar algumas lojas de discos e me aprofundar um pouco mais na cultura musical da cidade, além de ter encontrado um disco do Bajofondo que ainda faltava na coleção.
Foram nessas prateleiras cheias de nomes novos e coloridos que vi como Andres Calamaro, Soda Stereo, Fito Paez e Los Fabulosos Cadillacs são fortes por ali. E seus nomes não param nas estantes das lojas, mas tocam nas rádios, nos pubs e fazem a alegria dos jovens frequentadores da Galeria Bond St e da cultura underground da cidade. Sinta o peso e o ritmo do argentino Calamaro:
Essa eu sei que você conhece, porém na versão em português do Capital Inicial. Sabia que a original é argentina, do Soda Stereo?
Foram apenas 3 dias, rápidos demais para serem considerados algo mais que um devaneio intenso de músicas, vinhos e tangos, mas foram suficientes para que meu apreço pela Argentina superasse qualquer preconceito ou rivalidade amistosa futebolística. E reais o bastante para que, hoje, ao ouvir um acordeón soprando suas notas tristes e melodiosas numa tarde nublada meu coração se encha de uma vontade de absorver mais daquela cidade de janelas velhas e cortinas grossas em um ambiente tão sedutor quanto o olhar do dançarino de Tango que encara seu par como se fosse aquele um momento de vida ou morte ;)
Não conheço (ainda) muitos países desse globo tão grande e bonito, mas considero-me afortunado por ter tido a chance de viver em outro país por um tempo. Morei na Austrália, exatamente no outro extremo da Terra e, na época que peguei o avião em direção à terra do ACDC, aquela foi minha primeira viagem internacional.
É uma experiência interessante agora, depois de uma volta ao mundo, ter a chance de visitar um país vizinho tão próximo e tão popular entre nós brasileiros como é a Argentina.
Sempre tive a curiosidade inata daquele que aprecia viajar. Posso ir para uma cidadezinha do interior passar o fim de semana com a mesma alegria ingênua de quem vai passar um mês na Europa. Mas a Argentina me atraia não só pelo preço bom que nós brasileiros (normalmente) pagamos para ir até lá, mas também pelo lado musical. Afinal é de lá quem vem o Bajofondo, banda da qual sou fã desde uma antiga viagem à Bauru.
E assim fui nessa aventura rápida, porém intensa na terra do Maradona. Logo de cara, me surpreendi com a beleza e organização de Buenos Aires e seus parques abertos e elegantes. Me perdi propositalmente nas ruas e galerias do centro e me deslumbrei com os prédios históricos daquela cidade tão charmosa, porém de aspecto tão antigo.
Tomei umas Quilmes no Caminito, comi empanadas, e experimentei os famosos - e realmente deliciosos - bifes Chorizo, sem falar nos vinhos ótimos mais baratos do que água (sem brincadeira).
Mas o que mais me surpreendeu no país dos hermanos foi o amor ao Tango. Carlos Gardel, representante nacional do estilo musical está presente em praticamente toda a cidade em estátuas que retratam o sorriso simpático do cantor.
Entendo tanto de Tango quanto um golfinho entende de astrofísica, mas enquanto passeava pelas ruas movimentadas e limpas - muito limpas - de Buenos Aires ficou fácil aprender pelo menos o mínimo para me apaixonar pelo ritmo que nasceu no Rio de la Plata. Em todos os cantos que se vai, o tango está vivo, pulsando no ar com suas notas melancólicas ou iluminando a paisagem na fachada de algum bar. Uma caminhada na rua certa pode te trazer, de repente, um espetáculo ao vivo e nas cores preto e vermelho com um casal dançando como somente dois amantes de corpo e alma podem fazer.
Os shows de Tango fazem da noite dos turistas algo inesquecível. Fui num que se chama Esquina de Homero Manzi, em homenagem ao lendário escritor de canções que assinou dezenas dos tangos que compõe a trilha sonora de Buenos Aires. É um passeio caro, mas vale cada centavo e, se eu pudesse, teria ido duas vezes. Afinal, tão cedo não voltarei a presenciar casais dançando de forma tão leve e sedutora que pareciam estar caminhando dentro da mente um do outro, sem falar no par de cantores que nos fazia arrepiar até os cílios com suas vozes poderosas.
Essa clássica foi uma que eles cantaram:
Como fã do Bajofondo, eu suspeitava que o grupo poderia sofrer algum tipo de repúdio por parte do povo que tanto aprecia o tango já que os caras pegam a música antiga e sagrada do local e a transformam numa batida viajante e entorpecedora com efeitos e mixes que os jovens tanto apreciam. Jovens e Velhos não costumam conviver em paz, pelo menos não aqui no Brasil. Entretanto suspirei aliviado quando descobri - mais uma vez no meio da rua, bisbilhotando as lojas de CDs - que o pessoal aprecia o Bajofondo tanto quanto eu. Cristal é uma canção que irá te conduzir pela apaixonante atmosfera porteña.
E, como eles, o Gotan Project, outra banda sensacional de Tango Eletrônico, também conquistou o respeito dos ouvintes.
Além do Bajofondo e do Gotan Project, descobri outra banda da mesma linha, o Tanghetto, tocando numa caixa de som bastante alta no meio da Feira de San Telmo, na barraca de um senhor que vendia CDs e LPs. Quis comprar o disco que tocava, mas como é de praxe em qualquer viagem, o orçamento era limitado e já estava perto do fim, me deixando apenas a saudade e o nome da banda para ser caçado no Youtube:
Mas nem só de tango vive o Argetino. Não mesmo. o Rock and Roll também tem um espaço de destaque na trilha sonora local. Graças à esse post do blog Alta Felicidade, pude encontrar algumas lojas de discos e me aprofundar um pouco mais na cultura musical da cidade, além de ter encontrado um disco do Bajofondo que ainda faltava na coleção.
Foram nessas prateleiras cheias de nomes novos e coloridos que vi como Andres Calamaro, Soda Stereo, Fito Paez e Los Fabulosos Cadillacs são fortes por ali. E seus nomes não param nas estantes das lojas, mas tocam nas rádios, nos pubs e fazem a alegria dos jovens frequentadores da Galeria Bond St e da cultura underground da cidade. Sinta o peso e o ritmo do argentino Calamaro:
Essa eu sei que você conhece, porém na versão em português do Capital Inicial. Sabia que a original é argentina, do Soda Stereo?
Foram apenas 3 dias, rápidos demais para serem considerados algo mais que um devaneio intenso de músicas, vinhos e tangos, mas foram suficientes para que meu apreço pela Argentina superasse qualquer preconceito ou rivalidade amistosa futebolística. E reais o bastante para que, hoje, ao ouvir um acordeón soprando suas notas tristes e melodiosas numa tarde nublada meu coração se encha de uma vontade de absorver mais daquela cidade de janelas velhas e cortinas grossas em um ambiente tão sedutor quanto o olhar do dançarino de Tango que encara seu par como se fosse aquele um momento de vida ou morte ;)
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