Empreendedorismo e inspiração em um emocionante documentário sobre a icônica loja Woodstock Discos
Walcyr Chalas, o fundador da pioneira loja de Heavy Metal em São Paulo, a Woodstock, diz em certa altura do documentário Woodstock - Mais que uma loja: "Quando vejo um garoto de uns 13, 14 anos com uma camisa do Iron Maiden na rua eu penso: 'Cara, você não tem noção...'". A frase fica aberta, sujeita à interpretações, mas após assistir o longa por completo é fácil concordar com o Roqueiro e empreendedor.
Nasci em 1987. Apesar de ser um ano bom para o Rock, com discos como Whitesnake e Eletric saindo do forno e a cena Hard Rock e Heavy Metal mais forte do que nunca, foi um ano ruim para se nascer para quem futuramente viria a curtir esse gênero musical. Aos 13 anos, por exemplo, na idade mencionada por Walcyr, o mundo já entrava nos anos 2000. O Metal e o Hard Rock já eram nostálgicos e até mesmo o Grunge começava a enfraquecer diante do Indie, do Alternativo e do Pop Rock, subvertentes que apesar de trazerem excelentes bandas para o mundo não chegaram a revolucionar a música como aconteceu nas quatro décadas anteriores.
Naquela época até mesmo a internet já começava a engatinhar, o que em poucos anos viria a mudar completamente o mercado da música. Tenho vagas lembranças dos LPs que meus pais tinham em casa quando eu era criança. Aos 13 eu era familiarizado com os CDs e fitas K7. Dos 13 aos 18 porém, num espaço de meros 5 anos, vi a decadência das lojas de CD que hoje em dia são uma espécie em extinção. Quando comecei a colecionar álbuns, já ninguém mais o fazia. Cada vez que comprava um CD me olhavam como se eu fosse um louco colecionador de velharias. Isso acontece, é claro, até hoje.
Digo isso tudo para evidenciar uma única observação: Walcyr Chalar estava certo em sua constatação. Eu não tenho noção do que foi ser um jovem Roqueiro nos anos 80, afinal não vivi nenhuma cena do Rock. Graças ao documentário "Woodstock - Mais que uma loja", dirigido por Wladimir Cruz e lançado em 2014, é possível ter uma ideia do que foi viver naquela época, enquanto os gigantes do Rock como Iron Maiden, Metallica, Kiss, Deep Purple, Guns'N'Roses e Whitesnake, caminhavam pela Terra em pleno vigor, movimentando um cenário musical rico e inspirando dezenas de jovens à se libertarem das amarras sociais e mergulharem nas guitarras e riffs.
Com depoimentos de nomes conhecidos do cenário musical, como os irmãos Max e Iggor Cavalera (Sepultura), João Gordo (Ratos De Porão), Andreas Kisser (Sepultura), Gastão Moreira (Kiss FM), Chris Skepis (Cock SParrer), Felipe Machado (Viper), Ricardo Mendonça (89 FM), Ricardo Batalha (Roadie Crew), André Pomba (Vudu/Dynamite), Marcos Kleine (Ultraje a Rigor), além de fãs e funcionários da loja, o longa traz à luz o cenário do nascimento do Heavy Metal no Brasil.
Paixão pelo que faz
Fundada em 1978 por Chalas, primeiramente no Centro de São Paulo e, alguns anos depois fixando-se no Vale do Anhangabaú, a Woodstock Discos foi responsável por trazer para o Brasil álbuns e bandas até então desconhecidas. Metaleiro assumido, o empreendedor afirma durante o longa jamais ter feito qualquer coisa visando o lucro. Sua única motivação era o amor ao Rock e o mais emocionante desse longa é perceber a paixão que movia tudo naquela época. Se Walcyr era um apaixonado por fomentar a cena Heavy Metal, não podemos deixar de destacar a paixão com que os frequentadores tratavam a loja, considerando-a como uma segunda casa, um local de referência e segurança. Afinal, formou-se ali, na calçada em frente ao metrô, uma verdadeira comunidade. Em tempos em que não havia internet, redes sociais e até mesmo celulares, era ali, ao vivo, onde pessoas apaixonadas pela mesma coisa podiam se encontrar, discutir e enfim, viverem o que amavam, sendo eles mesmos. Numa cidade e numa sociedade em que é tão difícil sermos autênticos, a Woodstock era um reduto, ou como bem coloca alguém no documentário, um "porto-seguro" de quem curtia Rock. Não importa de onde a pessoa viesse, se curtisse Rock encontraria ali bons amigos e muita música e conversa boa.
Interessante notar também a veia empreendedora de Chalas. Identificando oportunidades em diversas situações, o empresário foi responsável por trazer não apenas discos de bandas, mas vídeos, patchs, buttons, acessórios, enfim, tudo o que ajudaria um cenário à se firmar no imaginário coletivo.
Apesar de um pouco extenso (são mais de 2 horas de filme) vale a pena conferir "Woodstock - Mais que uma loja" não só por sua excelente produção e reunião de nomes importantes, mas principalmente porque ele conta uma história que não poderia ser esquecida. A importância da loja, mesmo para aqueles que não viveram na época de seu auge, como é o meu caso, é grande demais para ser deixada apenas no imaginário popular. Há ali uma história emocionante de amor entre um homem comum e o seu negócio. Há lições de empreendedorismo, momentos de inspiração e, como não podia deixar de ser, muita música boa ;)
Assista ao trailer do documentário:
Walcyr Chalas, o fundador da pioneira loja de Heavy Metal em São Paulo, a Woodstock, diz em certa altura do documentário Woodstock - Mais que uma loja: "Quando vejo um garoto de uns 13, 14 anos com uma camisa do Iron Maiden na rua eu penso: 'Cara, você não tem noção...'". A frase fica aberta, sujeita à interpretações, mas após assistir o longa por completo é fácil concordar com o Roqueiro e empreendedor.
Nasci em 1987. Apesar de ser um ano bom para o Rock, com discos como Whitesnake e Eletric saindo do forno e a cena Hard Rock e Heavy Metal mais forte do que nunca, foi um ano ruim para se nascer para quem futuramente viria a curtir esse gênero musical. Aos 13 anos, por exemplo, na idade mencionada por Walcyr, o mundo já entrava nos anos 2000. O Metal e o Hard Rock já eram nostálgicos e até mesmo o Grunge começava a enfraquecer diante do Indie, do Alternativo e do Pop Rock, subvertentes que apesar de trazerem excelentes bandas para o mundo não chegaram a revolucionar a música como aconteceu nas quatro décadas anteriores.
Naquela época até mesmo a internet já começava a engatinhar, o que em poucos anos viria a mudar completamente o mercado da música. Tenho vagas lembranças dos LPs que meus pais tinham em casa quando eu era criança. Aos 13 eu era familiarizado com os CDs e fitas K7. Dos 13 aos 18 porém, num espaço de meros 5 anos, vi a decadência das lojas de CD que hoje em dia são uma espécie em extinção. Quando comecei a colecionar álbuns, já ninguém mais o fazia. Cada vez que comprava um CD me olhavam como se eu fosse um louco colecionador de velharias. Isso acontece, é claro, até hoje.
Digo isso tudo para evidenciar uma única observação: Walcyr Chalar estava certo em sua constatação. Eu não tenho noção do que foi ser um jovem Roqueiro nos anos 80, afinal não vivi nenhuma cena do Rock. Graças ao documentário "Woodstock - Mais que uma loja", dirigido por Wladimir Cruz e lançado em 2014, é possível ter uma ideia do que foi viver naquela época, enquanto os gigantes do Rock como Iron Maiden, Metallica, Kiss, Deep Purple, Guns'N'Roses e Whitesnake, caminhavam pela Terra em pleno vigor, movimentando um cenário musical rico e inspirando dezenas de jovens à se libertarem das amarras sociais e mergulharem nas guitarras e riffs.
Com depoimentos de nomes conhecidos do cenário musical, como os irmãos Max e Iggor Cavalera (Sepultura), João Gordo (Ratos De Porão), Andreas Kisser (Sepultura), Gastão Moreira (Kiss FM), Chris Skepis (Cock SParrer), Felipe Machado (Viper), Ricardo Mendonça (89 FM), Ricardo Batalha (Roadie Crew), André Pomba (Vudu/Dynamite), Marcos Kleine (Ultraje a Rigor), além de fãs e funcionários da loja, o longa traz à luz o cenário do nascimento do Heavy Metal no Brasil.
Paixão pelo que faz
Fundada em 1978 por Chalas, primeiramente no Centro de São Paulo e, alguns anos depois fixando-se no Vale do Anhangabaú, a Woodstock Discos foi responsável por trazer para o Brasil álbuns e bandas até então desconhecidas. Metaleiro assumido, o empreendedor afirma durante o longa jamais ter feito qualquer coisa visando o lucro. Sua única motivação era o amor ao Rock e o mais emocionante desse longa é perceber a paixão que movia tudo naquela época. Se Walcyr era um apaixonado por fomentar a cena Heavy Metal, não podemos deixar de destacar a paixão com que os frequentadores tratavam a loja, considerando-a como uma segunda casa, um local de referência e segurança. Afinal, formou-se ali, na calçada em frente ao metrô, uma verdadeira comunidade. Em tempos em que não havia internet, redes sociais e até mesmo celulares, era ali, ao vivo, onde pessoas apaixonadas pela mesma coisa podiam se encontrar, discutir e enfim, viverem o que amavam, sendo eles mesmos. Numa cidade e numa sociedade em que é tão difícil sermos autênticos, a Woodstock era um reduto, ou como bem coloca alguém no documentário, um "porto-seguro" de quem curtia Rock. Não importa de onde a pessoa viesse, se curtisse Rock encontraria ali bons amigos e muita música e conversa boa.
Interessante notar também a veia empreendedora de Chalas. Identificando oportunidades em diversas situações, o empresário foi responsável por trazer não apenas discos de bandas, mas vídeos, patchs, buttons, acessórios, enfim, tudo o que ajudaria um cenário à se firmar no imaginário coletivo.
Apesar de um pouco extenso (são mais de 2 horas de filme) vale a pena conferir "Woodstock - Mais que uma loja" não só por sua excelente produção e reunião de nomes importantes, mas principalmente porque ele conta uma história que não poderia ser esquecida. A importância da loja, mesmo para aqueles que não viveram na época de seu auge, como é o meu caso, é grande demais para ser deixada apenas no imaginário popular. Há ali uma história emocionante de amor entre um homem comum e o seu negócio. Há lições de empreendedorismo, momentos de inspiração e, como não podia deixar de ser, muita música boa ;)
Assista ao trailer do documentário:
Comentários