500+ da Kiss 2018: um museu de novidades

Em toda a virada de ano a Kiss FM realiza a sua já tradicional votação entre os ouvintes para a programação das 500 +, ou seja as 500 músicas mais pedidas do público formam um ranking que é tocado na íntegra durante alguns dias entre o final de dezembro e início de janeiro.



Trata-se de um evento já conhecido e esperado pelo público. Todo começo de ano as pessoas querem saber quem é que, afinal, ficou em primeiro na grande votação - uma das listas mais autênticas e honestas do mundo da mídia, diga-se passagem. A Rolling Stone vive fazendo listas, quase sempre elaboradas por jornalistas especializados e críticos. Já aqui, quem define as melhores é a voz de Deus, ou seja, o próprio público que ouve a rádio.

Já há alguns anos, porém, a voz de Deus tornou-se um tanto quanto previsível.

Tirando algumas canções mais lado B que vez ou outra entrecortam grandes hits de lendas do Rock, a lista é quase sempre igual. Punhados de Led Zeppelin, Queen, Pink Floyd e Black Sabbath com suas músicas que já fazem parte do nosso cotidiano (há décadas).

Invariavelmente Bohemian Rapsody e Stairway to Heaven dividem as primeiras colocações. Maior clichê, impossível.

Vivo, Cazuza poderia descrever a lista como um grande museu de novidades. Ousado e inovador para a sua época, o músico representa o oposto do que podemos considerar o cenário do Rock atual: acomodado, saudosista, conservador.

Se a lista de 2018 da Kiss serve para alguma coisa é justamente para mostrar o quanto precisamos mudar enquanto ouvintes. Por muito tempo o Rock foi uma mina de preciosidades. Era preciso escavar, mas você certamente encontrava grandes pepitas e as compartilhava com seus amigos.

Curioso notar que, com o poder das mídias sociais sendo justamente o de facilitar o compartilhamento de informação, o Roqueiro parou de escavar. Contente com as bandas que aprendeu a escutar com as gerações anteriores, o ouvinte atual ignora sumariamente tudo que é novo, diferente ou fora do padrão.

Se Rock antigamente era sinônimo de rebeldia e ousadia, hoje é um paralelo para tradicionalismo e mesmice.

E não é por culpa da mídia.

Há alguns anos poderíamos até reclamar que a Kiss FM só tocava músicas de pelo menos 30 anos atrás. Hoje esse cenário mudou. A Kiss possui diversos programas como New Hits, Gasômetro e Filhos da Pátria que priorizam justamente a sonoridade nova. Eu mesmo já conheci várias bandas e músicas nunca antes escutadas por meio desses programas. Analisando a lista das 500+, não duvido, porém, que sejam os momentos de menor audiência da emissora.

Que 2018 sirva para abrir um pouco a mente dos ouvintes Roqueiros para um Rock moderno, diferente e tão bom quanto sempre foi.

Feliz Ano Novo à todos os leitores!

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