2016: um ano de perdas e de ganhos

Mais um ano se encerra. Um ano estranho, diferente, certamente duro, mas nem de todo ruim. Principalmente quando ouvimos a música.

2016 está chegando ao fim. Basta ler alguns comentários nas redes sociais para perceber como o ano foi extremamente duro para a maioria do pessoal.

Não é de se estranhar. Patinamos na crise sem sair dela. Trocamos de presidente. As manobras políticas foram praticadas em nível extremo. Trump foi eleito e o dólar subiu.

Bob Dylan, prova de que também houveram coisas boas em 2016.


Muita gente morreu.

Muitos se foram, é verdade. Só no ramo musical perdemos logo de cara o Camaleão do Rock, David Bowie. Pouco tempo depois foi a vez de George Martin, o Quinto Beatle. Também nos despedimos de Prince e, mais para o fim do ano de Leonard Cohen. Nem o dia do Natal foi poupado: George Michael morreu.

E como notícia ruim nunca é demais, dois dias depois dele quem faleceu foi Carrie Fisher. Ela não era um ícone da música, mas um ícone do mundo (do universo talvez soe mais apropriado), afinal foi ela quem deu vida à Princesa Leia, uma das personagens mais marcantes da história do cinema e da cultura pop.

Triste.

Mas a morte é natural. Tanto quanto a vida. Reclamar de um ano em que as pessoas morreram é reclamar da história desde quando o homem é homem. A vida é assim, feliz ou infelizmente. Nascer, crescer e morrer.

Calvin Harris, um dos destaques de 2016 e certamente de vários dos próximos anos.

Bons Sinais

Mas nem só de morte e tristeza foi 2016. Aliás foi daí que tiramos alguns fiapos de esperança para os próximos anos. Quem é que não se emocionou com a comoção colombiana pelo acidente aéreo que levou a Chapecoense? Se isso não é amor fraterno e um sinal claro de esperança para a humanidade não sei mais o que pode ser.

Foi também o ano em que Bob Dylan ganhou um merecido prêmio Nobel, mostrando que o Rock e toda sua filosofia de vida tem um valor cultural enorme para a humanidade.

E para celebrar esse valor todo, vamos conferir quais foram as boas músicas de 2016. Houve muita música boa. Música viajante, dançante, alegre, para refletir e muito mais. Separei aqui as canções que, na opinião do blog Músicas de Andarilho, foram grandes destaques do ano.

Action Bronson - Standing in the Rain

O filme Esquadrão Suicida que prometia muito, mas entregou pouco ao menos cumpriu seu papel no quesito trilha sonora. Uma das canções do longa é essa de Action Bronson, um rapper que fez a canção em parceria com o DJ Mark Ronsons (o mesmo daquela Uptown Funk do Bruno Mars) e Dan Auerbach, dos Black Keys. Dan é o grande destaque da obra, cantando o refrão com seu jeito suave e hipnótico. O legal da canção é justamente isso, o contraste da tranquilidade até melancólica de Dan com o rap acelerado de Action Bronson. Faz viajar!



Calvin Harris - What you Came for

É fácil dizer que tudo que tem a Rihanna fica mais bonito, mas é de se tirar o chapéu para o DJ Calvin Harris na composição de What You Came For, uma canção bonita, poderosa e altamente dançante. Rihanna ajuda, e muito, com seus vocais excepcionais e sua beleza para o vídeo. O clipe da obra, aliás, é um show tecnológico à parte, mas é o talento para Harris de criar música que torna a obra especial. O cara consegue, afinal, criar um refrão apenas com a palavra "You". É bom ou não?



Mike Posner - I Took a Pill in Ibiza

Outra obra-prima da música eletrônica recente, I Took a Pill in Ibiza se sobressai não apenas pelo ritmo excelente do refrão, mas por sua letra profunda e dilacerante. Coisa do nível de Johnny Cash ou de Jim Morrison. Nela o cara questiona o ato de ficar chapado. Sinônimo das festas eletrônicas, a droga tem aqui seu poder despido. Para se ter uma ideia, observe o verso: "Tomei uma pílula em Ibiza, para mostrar ao Avicci que eu era legal. Mas quanto eu fiquei sóbrio eu estava 10 anos mais velho, mas foda-se, era algo para se fazer". Talvez só perca em profundidade para o refrão, excepcional: "Tudo o que eu sei são canções tristes".



Coldplay - Hynm for the Weekend

Impressionante notar como, com o poder das mídias sociais, o clipe está voltando a ganhar importância para os artistas. A produção de Hymn for the Weekend é irretocável. Uma viagem artística e cultural pela Índia em pleno Holi, o Festival das Cores em que as pessoas se pintam nas ruas. É justamente nas cores que o clipe se ganha e se há lugar colorido no mundo, esse lugar é na Índia. A banda inteira entra no jogo e logo se misturam ao povo numa colagem bonita. É claro que a canção é igualmente inspirada e bonita. Tem participação da Beyonce, contribuindo nos refrãos com sua voz bonita. E eu achando que outra boa do Coldplaydepois de 10 anos...



Red Hot Chili Peppers - Dark Necessities

Ao contrário da maioria das críticas que li na internet, eu gostei do novo disco do Red Hot Chili Peppers. Não é uma obra-prima mas está longe, muito longe de ser um disco ruim. O problema é que as pessoas ficam esperando outro Blood Sugar Sex Magic ou pelo menos um Californication, mas isso não vai acontecer. Simplesmente por que eram outros tempos. Era outra banda, 20 anos mais nova. Era outro mundo. A pegada de Anthony Kieds, Flea, Chad Smith e do atual guitarrista Josh Klinghoffer agora é curtir. Chega de fazer música para revolucionar o mundo. Vamos fazer música para nós, eu escuto eles desabafarem. Para falar do que queremos. Para ficar de boa tomando uma cerveja. Esse é espírito de "The Gettaway" e o disco tem várias camadas para serem exploradas nesse sentido de tranquilidade e música introspectiva. Prova disso é Dark Necessities, canção de ritmo forte, peso adequado, letra profunda e uma molecagem mais amadurecida, mas ainda presente.



Baiana System - Duas Cidades

Assim como o Brasil inteiro eu também fui enfeitiçado pelo poder do grupo Baiana System. Onde quer que essa banda vá, ela recebe mares de elogios e são bastante merecidos. Ao contrário de bandas que apostam em mais do mesmo, o grupo baiano tem uma sonoridade que já nasceu com identidade forte. Coisa que bandas como O Rappa e Nação Zumbi fizeram e acertaram em cheio no passado. O som do Baiana é uma mistura de ritmos brasileiros marcantes e a banda atingiu em, 2016, um merecido status de novidade boa e promissora, apesar de já estar na estrada há alguns anos. A faixa título do álbum de 2016 é a grande obra do disco.



Supercombo - Magaiver

Outra banda brasileira que começa a colher os merecidos frutos de um trabalho bem feito e de anos de estrada, o Supercombo lançou o disco Rogério esse ano. Dentre os destaques, Magaiver é uma canção de ritmo alegre e refrão grudento com uma mensagem positiva e, por que não, necessária nessa época tensa em que vivemos. Daquelas de ficar ouvindo e repetindo sem parar.


BONUS TRACK: Sigala - Sweet Lovin'

Essa canção saiu na verdade no final do ano passado, por isso teoricamente não pode entrar numa lista de 2016. Mas descobri ela no começo do ano enquanto conferia no Youtube outras músicas similares e, desde então, ela não sai do meu player. É um ritmo alegre, positivo, vibrante. O clipe ajuda muito, com a belíssima bailarina Candice Haiden desfilando, flutuando e enfim, fazendo o que nasceu para fazer: patinar e dançar. Tudo com o ritmo pulsante de Sigala ao fundo. Sensacional.



BONUS TRACK: Robin Schulz - Sugar

Outra do ano passado. Robin Schul é, hoje, ao lado de Calvin Harris o grande nome da música eletrônica. Coloco minha mão no fogo por esses dois caras pelo que já ouvi até agora. É um talento sobre humano para criar ritmos. Sugar foi simplesmente a música que mais ouvi em 2016.



E que venha 2017 com mais desafios. Se a música do próximo ano for boa que nem esse, será fácil encará-los e, mais uma vez, superá-los!

Feliz Ano Novo!

Comentários